De acordo com o parlamentar, o grupo JBS – que implicou o presidente Michel Temer na delação – é o mesmo grupo que o ex-governador Cid Gomes “achacou” ao solicitar R$ 20 milhões para a campanha de Camilo Santana.
O parlamentar explicou que, de acordo com os delatores – os irmãos Joesley e Wesley Batista –, a JBS foi o grupo que deu os recursos para que Camilo Santana vencesse as eleições e assumisse o Governo do Estado.
Capitão Wagner informou ainda ter pedido à Procuradoria de Justiça dos Crimes contra a Administração Pública (Procap) que avalie os atos de improbidade administrativa do ex-governador Cid Gomes.
Além disso, o parlamentar deu entrada em pedido, no Ministério Público, para que sejam apurados os supostos crimes cometidos por Camilo Santana, pela vice-governadora Izolda Cela e pelo secretário do Turismo, Arialdo Pinho.
Para Capitão Wagner, o governador Camilo Santana, durante o exercício do mandato, também comete crime de responsabilidade ao não responsabilizar os subordinados. Ele lembrou que o chefe do Executivo já foi à imprensa para anunciar que não afastará Arialdo Pinho, implicado pelos delatores da JBS. “Sequer uma sindicância foi instalada para apurar a delação”, lamentou.
Capitão Wagner ressaltou que o assessor Especial para Assuntos Internacionais, Antônio Balhmann, recebeu R$ 1,5 milhão da JBS e, mesmo assim, continua no Governo. “Averiguei que há indícios de que os repasses de propina são uma prática antiga. Dados apresentados pelo jornal O Povo indicam que os recursos liberados pelo Governo do Estado coincidem com as datas de doações de campanha feitas pelas empresas”, afirmou.
Na avaliação de Capitão Wagner, está claro que todas as denúncias são fundamentadas em notas frias apresentadas. Ele salientou que todas as empresas que prestam serviços ao Governo do Estado e para a Prefeitura de Fortaleza transformam-se em doadoras de campanhas. “Se formos a favor da punição em nível nacional, devemos ser também em nível estadual. Devemos ter coerência”, defendeu.
Em aparte, a deputada Fernanda Pessoa (PR) disse que esse é um momento de tristeza para o Estado, ao passar pela mesma situação de crise política do País. “Por que as empresas que não aceitaram pagar propina não receberam a devolução do ICMS?”, indagou.
O deputado Carlos Matos (PSDB) lembrou que o Partido dos Trabalhadores (PT) tem vinculação com a JBS e não pediu a demissão dos dois secretários delatados – ao contrário do que ocorre no âmbito nacional. A acusação, segundo ele, é gravíssima e coloca em risco a imagem do Ceará.
Para o deputado Roberto Mesquita (PSD), há uma forma de passar a limpo todas as denúncias, instalando uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os repasses dos incentivos fiscais. “Todos da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) sabem que há uma propina de 30% para liberar esses recursos”, denunciou.
JS/GS