Na avaliação do deputado, a eleição robustece muito os eleitos e estes acham que, pelo fato de terem vencido o pleito, podem fazer o que quiserem, “e a sociedade que se dane”. Por isso, as manifestações estão agora trazendo questões esquecidas para o centro da discussão, segundo o deputado. “Os eleitos não podem tudo. Eles têm de ter limites no que legislam, produzem, administram”, disse.
Heitor Férrer assinalou que o governador Cid Gomes agora falou que pode discutir a construção do Acquario, “a mansão de peixes”. Para o deputado, Cid já não tem certeza se a obra é boa para o Ceará. O deputado frisou que os defensores do projeto alegam que a obra será paga em 10 anos, ou seja, vai gerar um lucro de R$ 25 milhões por ano. Porém, ele destacou que nenhum investidor privado quis assumir a construção, provando que “mente quem diz que haverá esse lucro”.
Heitor Férrer considerou ainda uma “mentira oficial” afirmar que o aquário vai custar R$ 250 milhões. “Em 2007, houve a previsão de construção por aquele preço. Mas a obra chegará a R$ 500 milhões. Nas contas de governo, o preço foi atualizado para R$ 285 milhões. Essa parte foi só empréstimo a empresas internacionais”, observou.
Heitor Férrer avaliou que a “obra megalomaníaca para turista ver” está sendo executada integralmente, ao contrário de outras rubricas do orçamento do Estado. “É muito diferente quando vamos para execução orçamentária. Temos um déficit de 321 mil moradias. Dos R$ 247 milhões previstos, apenas R$ 45 milhões foram aplicados em habitação. Em saneamento básico foram programados investimentos de R$ 937 milhões, mas só foram executados, concretamente, R$ 162 milhões. Na área hídrica, dois açudes inaugurados em Itapajé, um reservatório com 4,5 milhões de métricos cúbicos, e de Mamoeiro de Antonina do Norte, com 20 milhões de metros cúbicos. Somente a casa de peixes terá 18 milhões de metros cúbicos”.
Heitor Férrer destacou ainda que, conforme o jornal Folha de São Paulo, a abertura da Copa das Confederações de Brasília deixou um prejuízo de R$ 19 milhões. Enquanto isso, obras de transportes de mobilidade urbana emperram. “Das 44 obras, apenas uma foi executada”, afirmou.
Eliane Novais (PSB), em aparte, disse que o custo do Acquario é 42% maior que o investido no combate à seca no Ceará. “Além disso, nessa obra foi pedida a inelegibilidade, e não houve sequer licitação para a construção.”
JS/AT