No apagar das luzes da gestão Luizianne Lins (PT), um total de 63 licitações encontra-se em andamento na Prefeitura de Fortaleza, parte delas iniciada após outubro deste ano, depois das eleições. O número, informado pelo próprio Executivo, tem incomodado a equipe do próximo prefeito, Roberto Cláudio (PSB), que questiona a urgência de alguns processos. Pelo cálculo feito pelo O POVO, pelo menos 30% dessas licitações se encaixam no perfil criticado pela equipe de transição do futuro gestor: obras, reformas, contratação de serviços e de materiais permanentes. “Lógico que as licitações para aquisição de material de consumo, medicamentos e alimentos, tudo isso tem de ser feito, para garantir o abastecimento. Mas, tem outras coisas que não são prioritárias e que cabem ao próximo prefeito decidir. É, no mínimo, antiético fazer isso agora”, avaliou um dos integrantes da equipe de Roberto Claudio, Eudoro Santana. Casos destacadosUma das licitações consideradas “adiáveis” por Eudoro é a da contratação de uma empresa para operar o sistema de crédito consignado para servidores municipais. O processo foi aberto neste mês de dezembro. Segundo a Prefeitura, o vencedor do certame irá implantar um sistema que dê mais “agilidade e transparência” à concessão de crédito. Por se tratar de um setor que tem sido alvo de investigações no Ministério Público em âmbitos municipais e estadual, o promotor Ricardo Rocha disse que solicitou ao Executivo documentos que detalhem esse processo. Perguntado pelo O POVO sobre por que não deixar essa licitação nas mãos de Roberto Claudio, o secretário de Administração do Município, Vaumik Ribeiro, argumentou que, desde 2010, a Prefeitura tem aperfeiçoado o sistema de consignados, em diferentes etapas. Ele disse que a situação de transição política foi ponderada, mas que “(a contratação do sistema) não é coisa de última hora, e faz parte de um processo amplo e antigo”. Outra licitação questionada pela equipe do futuro prefeito é a da cooperativa que irá comandar o transporte complementar em Fortaleza. A transição do prefeito eleito quer suspender o certame. O caso tramita na Justiça. O POVO tentou ouvir integrantes da equipe de transição de Luizianne, mas as ligações feitas para os telefones celulares de Alfredo Pessoa, Daniel Lustosa e José Delano não foram atendidas na tarde de ontem. E agora ENTENDA A NOTÍCIA A equipe de transição de Roberto Claudio solicitou à Prefeitura mais detalhes sobre as licitações, para avaliar se é necessário pedir a suspensão de alguma(s). O objetivo é fazer com que RC decida sobre o futuro das ações. Saiba mais Licitações consideradas urgentes pela equipe de RC: Aquisição de medicamentos (são pelo menos duas licitações, com valores de R$ 668 mil e de R$ 2,2 milhões); Aquisição de material hospitalar, odontológico, órteses, próteses e materiais de laboratório (há pelo menos 14 licitações em andamento, com valores que chegam a até R$ 4 milhões); Compra de gêneros alimentícios (há uma licitação aberta, de R$ 352 mil) Algumas licitações consideradas “adiáveis” pela equipe de RC: Serviço Técnico Especializado Gerenciamento e Supervisão em Projetos, no valor de R$ 5,5 milhões; Empresa de Solução para Gerenciamento de de Convênios; Serviço de Reforma e Ampliação da Sede doInstituto de Previdência do Município, no valor de R$ 11,5 milhões. Licitações para serviços executados ainda em 2012: Execução de Montagem e Desmontagem de Palco, Camarim P/Reveilon 2013, no valor de R$ 2,55 milhões; Montagem e Execução do Espetáculo Pirotécnico, de R$ 689 mil.