O clima ficou tenso na reta final de campanha tendo como protagonistas não os candidatos, mas seus padrinhos. Em tom de indiferença, o governador Cid Gomes criticou o perfil político da prefeita Luizianne Lins (PT) e sua forma de administrar Fortaleza.
Cid, ao responder críticas recentes da petista, afirmou temer a “seca político-administrativa” na Capital e que Luizianne é “vaidosa, arrogante e personalista demais”, além de “não gostar de trabalhar e passar o tempo todo fazendo confusão”.
As declarações foram feitas ontem, na Residência Oficial, durante assinatura do pedido de licença encaminhado à Assembleia Legislativa – um dia após a petista criticar a solicitação do governador para dedicar-se à campanha de Roberto Cláudio à Prefeitura.O governador ressaltou que, independentemente do resultado, continuará aliado ao PT em nível federal e estadual, além de algumas regiões do interior do Estado. Contudo, em Fortaleza, existe uma incompatibilidade insanável devido ao processo eleitoral, como também as divergências de ideias e tino administrativo, além de uma série de problemas.
Luizianne, no domingo, afirmou que a licença do governador para fazer campanha representava uma falta de respeito. Ao ser questionado, Cid Gomes retrucou: “a cidade merece respeito, mas a Luizianne não respeita Fortaleza. Luizianne não gosta de trabalhar e passa o tempo todo fazendo confusão”. Cid, entretanto, afirmou ainda que muitas obras deixaram de ser realizadas devido aos entraves ocasionada por Luizianne, citando a construção do estaleiro, no Titanzinho.
“Muita coisa deixou de ser feita aqui porque a Luizianne colocou dificuldade. Outras tiveram seu cronograma atrasado e algumas outras deixaram definitivamente de ser realizadas”, disse o socialista, acrescentando que “tudo que o Estado tenta fazer, a Prefeitura atrapalha”. Ressaltando, assim, que a prática da gestão petista é “não fazer e não deixar que façam”.
A mudança de tom do governador demonstra a fase vivenciada entre PT e PSB, que, segundo ele, já vinha enfrentando dificuldade com a Prefeitura desde o início do segundo mandato da petista. Todavia, evitou comentários para não causar constrangimentos e, portanto, preferiu dialogar ao invés de expor as dificuldades. Cid disse, ainda, que fez tudo para ajudar a petista, porém não obteve o mesmo retorno ao longo da aliança.
ALIADOSIndagado sobre a vinda de Lula, Cid ponderou apenas que ele é a “maior liderança política do Brasil” e, portanto, é importante para qualquer candidatura. Contudo, acredita que o eleitor compreende que quem irá governar é um dos dois candidatos.
Ainda segundo ele, a relação entre os Ferreira Gomes, Lula e a presidente Dilma Rousseff é maior que o processo eleitoral. Caso Roberto Cláudio seja eleito, o socialista terá uma extraordinária parceria com o governo federal, porque não perderá oportunidade. Assim, como Luizianne perdeu. Por exemplo, as creches do programa social “Brasil Carinhoso”.
“Parceria com o governo federal é não deixar escapar as oportunidades, mas implementar estas ações no dia a dia de Fortaleza. Não é só conversa fiada na véspera de eleição”, disse Cid Gomes, ressaltando que sempre esteve ao lado de Lula, diferente de Luizianne que, em 2002, vaiou o então presidente Lula durante comício na Praça do Ferreira. O governador rebateu, ainda, o discurso da hegemonia. Quem quer construir uma hegemonia, segundo ele, é Luizianne, que já se coloca como candidata ao Governo em 2014 e deseja eleger um prefeito do seu partido.
LINSA prefeita de Fortaleza, por sua vez, mostrou-se, ontem, durante entrevista coletiva, “profundamente chateada” com os comentários do governador Cid Gomes. Para ela, Cid está utilizando-se de comentários baixos e disse que o governador está desesperado por conta da candidatura de Roberto Cláudio.
“Não consideramos que Fortaleza seja uma Secretaria de despacho do Governo do Estado”, criticou a prefeita. Sobre a polêmica envolvendo as obras do governo estadual em Fortaleza, Lins disse que “ser aliado não significa que todas as obras que o governador quisesse fazer na marra em Fortaleza eu iria aceitar, como o estaleiro, que era uma verdadeira grosseria com Fortaleza. Eles queriam licenciamento sem estar aptos para o licenciamento e estar no poder não significa fazer licenças graciosas e não respeitar o licenciamento ambiental”.