Presidente estadual do PPS, Alexandre Pereira afirma que foi melhor não ter havido a fusão
Foto: LUCAS DE MENEZES
O presidente municipal do PMN avalia que a sigla saiu enfraquecida após tentativa de união com o PPS
Após o PMN nacional ter desistido da fusão com o PPS no fim de julho, alguns dirigentes cearenses do PMN afirmam que, no Ceará, o partido foi o principal prejudicado com o fim da união entre as legendas, que daria origem a chamada Mobilização Democrática (MD). O presidente municipal do PMN, deputado Mário Hélio, alega que esse prejuízo deu-se, principalmente, porque as executivas estadual e municipal da sigla “marcharam” separadas a caminho da fusão. Já para o PPS, o único prejuízo foi ter ficado “parado” nas articulações para as eleições de 2014 e na renovação dos diretórios municipais.“O dividendo dessa fusão, que não houve, não foram bons frutos para nenhum dos partidos, nem para o PMN, nem para o PPS, mas foi pior para o PMN, porque o PPS marchou junto. Todas as suas executivas estadual e municipais marcharam juntas e, no PMN, não houve isso”, justificou o parlamentar. De acordo com ele, existia – e ainda existe – um “descontentamento” entre ele e o presidente estadual do partido, Reginaldo Moreira, o qual, diferente do deputado, não aceitava que o presidente estadual do PPS, Alexandre Pereira, assumisse a direção do MD no Estado.
Essas divergências verificadas nos diretórios estaduais entre representantes dos dois partidos que se fundiriam foi um dos motivos apontados pela direção nacional do PMN para desistir da fusão. A outra razão alegada foi a decisão do PPS de esperar a resposta de uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) antes de registrar a fusão no Tribunal. A consulta, feita pelo PSB, questionava o TSE sobre a possibilidade de siglas que se fundirem poderem atrair parlamentares de outras legendas, sem que incorressem em infidelidade partidária.
Mário Hélio afirma que a disputa gerou desgaste muito grande e que, por isso, será “muito difícil juntar os cacos” entre as direções municipal e estadual do partido, “porque é como gato e rato: um desconfiando do outro”. “Vamos dizer que eu continue no PMN, e o presidente (estadual), que é meu desafeto, faça um represália contra mim, inchando a chapa de deputados, para que eu perca a eleição (de 2014). Qual é a segurança que vou ter?”, alega.
Atrito
O presidente municipal do PMN avalia que esse atrito entre os dois diretórios do partido no Ceará deve repercutir, nos próximos meses, principalmente com a saída de muitos filiados. “Hoje o PMN é um partido que não entra ninguém, só sai”, comenta. Ele avalia que essa saída também é resultado da característica de isolamento do atual presidente estadual, Reginaldo Moreira.
O parlamentar afirma que ele é um dos que pretende deixar a legenda e o PPS – com quem ele travou uma relação mais próxima durante o processo de fusão – poderá ser a nova sigla que se filiará. De acordo com ele, há um “pacto” para fazer um “grande grupo”, “porque essa é a tendência e o pensamento de um parlamentar que pensa em crescer”. “Não ficarei no PMN”, declarou, acrescentando que a única possibilidade de permanecer na sigla é se a direção nacional articular para que ele se torne o presidente estadual da legenda no Ceará.
O presidente estadual do PPS, Alexandre Pereira, por sua vez, afirma que, para o partido, o único prejuízo foi ter ficado esses três meses do processo de fusão parados no que se refere a articulação para formação de chapas para deputados estaduais e federais para 2014 e na renovação dos diretórios municipais. No último sábado, o diretório estadual do partido se reuniu na Assembleia Legislativa para fortalecer a organização da legenda para o pleito do próximo ano.
Apesar de, na época, ter declarado apoio a fusão com o PMN, após a desistência, Pereira afirma que nunca concordou com a fusão, pois o partido perderia sua identidade ao se juntar a outra legenda. “A fusão era esdrúxula. Era mais ou menos como casamento de antigamente, em que só os pais queriam, e a noiva nem conhecia o noivo”, compara. De acordo com ele, a proposta de fundir as duas siglas foi um “arranjo lá em cima”, das direções nacionais dos dois partidos, que decidiram a fusão sem consultar as bases nos Estados. “Não tinha nenhuma sinergia ideológica, nem programática entre as bases estaduais, nenhuma afinidade”, avalia.
Pereira comenta que, mesmo com os “prejuízos”, a fusão também trouxe vantagens. “Para mim, foi ter criado uma amizade muito grande com os deputados Mário Hélio e Tomaz Holanda”, disse. Na reunião que o partido realizou sábado, o deputado Tomaz Holanda informou que deixaria o PMN para se filiar ao PPS. No encontro, os dirigentes declararam apoio à candidatura de Alexandre Pereira a senador em 2014, mas ele ponderou que aguardaria orientação do governador Cid Gomes.