Para Leonardo Araújo, o governador Camilo Santana transmite à sua equipe um sentimento de "ingerência" para a realização dos trabalhos
( Foto: Fabiane de Paula )
O deputado estadual Leonardo Araújo (PMDB) repercutiu a ida dos secretários de Segurança Pública, Delci Teixeira, e de Justiça, Hélio Leitão, à Assembleia Legislativa, que, na última quarta-feira (1), expuseram os trabalhos realizados em suas respectivas pastas para a redução da violência em todo o Estado do Ceará e responderam indagações dos parlamentares. Leonardo não gostou do que ouviu e, ontem, pediu a exoneração dos dois auxiliares do governo.
O peemedebista começou seu pronunciamento agradecendo aos secretários pela presença no plenário da Assembleia, mas mostrou decepção com as colocações feitas pelos dois. "O secretário Delci Teixeira (da Segurança) trouxe explanação numérica que já havia sido feita há um ano e veio sem trazer novidades diretas que atinjam ao cidadão cearense, pagador de impostos e cumpridor dos deveres".
Segundo o parlamentar, o currículo do secretário de Segurança é indubitável, assim como a sua história na Segurança Pública em outros estados por onde passou. "Porém, a incapacidade de gerenciamento do governo e a submissão a determinações governistas o têm impedido de realizar o trabalho", apontou. "Eu disse ontem (quarta-feira) ao secretário que deveria entregar seu cargo e sair pela porta da frente, mesmo deixando a tragédia que vive o Estado. Com o currículo que tem, não deveria se sujeitar à interferência de qualquer daqueles que não têm a competência ou conhecimento técnico essencial ao andamento de uma questão importante que é a Segurança Pública".
Quanto ao secretário de Justiça, Leonardo Araújo afirmou que, durante o período de um ano e seis meses em que está a frente da pasta, não conseguiu conduzir nenhum setor, dando "atestado de incapacidade". "Não me refiro à pessoa do advogado Hélio Leitão, mas à estrutura montada pelo governador Camilo Santana para interferir nas gestões de suas pastas. Secretários de pastas importantes como essas duas não podem estar submissos, acovardados a determinações, ainda que devam respeito a hierarquia do seu superior, que é Camilo Santana", disse.
'Ingerência'
O peemedebista acusou o governador Camilo Santana de transmitir para a sua equipe o sentimento de "ingerência" e, acima de tudo, de "incapacidade" para que os secretários realizem seus trabalhos. "Não sou eu quem diz isso. O Ministério Público entrou com pedido de afastamento do secretário Josbertini (Clementino, do Trabalho e Desenvolvimento Social), uma pessoa excepcional, tratável, educado, mas foi feito o pedido em virtude do que acontece em uma ala da sua pasta que é relativa à Segurança Pública. Essas políticas de segurança estão sucateadas", pregou Araújo.
"Digo aos (dois) secretários que não tenho o poder de determinar e exigir a retirada dos mesmos, mas que tenham a hombridade, Hélio Leitão e Delci Teixeira, que honrem seus nomes e entreguem seus cargos, pois estão prestando desserviço à comunidade", acrescentou. Virada a página da visita dos secretários, o parlamentar apontou que há dificuldade instalada em todos os setores da gestão estadual.
"A Educação está falida. Se dizia que tínhamos a melhor secretária de Educação. Não sei porque não se deu continuidade e condição de se concretizar projetos que diziam ser os melhores em Educação do País. Setores ligados à Secretaria de Agricultura, como a Adagri (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará), passam por uma série de dificuldades", citou. "Os servidores são, entre outros da categoria, os mais mal pagos em todo o país. Estamos caminhando para um desgoverno total", criticou o deputado, dizendo que, mesmo o governo se colocando como sendo "do diálogo", as decisões são unilaterais. "Só acontecem de forma a causar prejuízos aos servidores", apontou Araújo.