Um dia após a derrota nas urnas, Eunício Oliveira (MDB) preferiu ficar recluso. A única manifestação sobre o resultado das eleições, onde perdeu a vaga do Senado para Eduardo Girão (Pros), foi através de nota divulgada na manhã de ontem.
No texto, ele declarava que irá se recolher da vida pública. O mandato que Eunício exerce no Senado se encerra em 2019. O senador declarou ainda que respeita "essa determinação imposta a todos nós pelas regras democráticas, pelas quais tanto lutei".
Atual presidente do Senado, Eunício também atribuiu a decisão dos eleitores de não reelegê-lo a "anseios de mudança". Após agradecer os mais de 1,3 milhão de votos, ele desejou aos que foram eleitos, Girão e Cid Gomes (PDT), "boa sorte e energia".
A reportagem do O POVO tentou entrar em contato com o emedebista, mas ele não atendeu ou retornou as ligações. A assessoria da Presidência do Senado informou que só seria possível marcar entrevista quando ele retornasse a Brasília, o que ainda não tem data definida. O senador ainda está em Fortaleza, mas a assessoria ainda não tinha a agenda dele para os próximos dias.
O deputado estadual Leonardo Araújo (MDB) afirmou que o partido recebeu com grande surpresa a derrota de Eunício. Para ele, a maior derrota é do povo cearense. "O Ceará perdeu o presidente do Senado. Nenhum (dos que foram eleitos) tem a capacidade para conseguir um cargo desse. Um cargo de articulação. (...) O prejuízo é maior para o Estado do que para o partido", defendeu.
Leonardo Araújo afirmou que o MDB deve tentar reverter a decisão de Eunício de abandonar a vida pública. "Vamos fazer pressão, a sigla não aceita a decisão", explica. Ele garantiu ainda que a meta agora é "oxigenar o partido, sob a liderança do senador Eunício Oliveira".
O deputado reforçou o respeito às urnas e acredita que o desejo por renovação faz parte de um movimento nacional, não sendo algo pessoal contra Eunício. "Daqui a dois, três anos, (o povo cearense) vai estar com tanta saudade, que ele (Eunício) vai voltar nos braços do povo", projeta.
Indagado sobre erros na campanha, Leonardo acredita que o senador não recebeu apoio suficiente. "O grupo ligado ao prefeito Roberto Cláudio não ajudou". O prefeito preferiu não se manifestar sobre a acusação.
O POVO tentou entrar em contato com outros aliados do senador no Ceará. O presidente estadual do MDB, Gaudêncio Lucena, não atendeu às ligações da reportagem, enquanto o deputado estadual reeleito Danniel Oliveira, sobrinho de Eunício, passou o dia recluso, sem atender telefonemas.
LUANA BARROS