Em cerimônia com a presença do ex-senador Tasso Jereissati, o partido apresentou seus novos integrantes
Com discurso de renovação do quadro de filiados e muitas críticas ao sistema de saúde brasileiro, a direção do PSDB Ceará filiou, na tarde de ontem, na sede do partido, em Fortaleza, 45 novas pessoas, entre elas, 30 médicos. Os demais eram engenheiros, advogados, estudantes e outros membros da sociedade civil. A expectativa da direção da legenda é filiar cerca de 200 médicos até o próximo sábado, quando acaba o prazo para filiação daqueles que querem concorrer às eleições do próximo ano.
Hoje pela manhã, está programada a filiação ao Partido Solidariedade do ex-presidente estadual do PSDB, Marcos Cals, do deputado estadual Fernando Hugo (também recém desfiliado da sigla tucana) e de outros parlamentares estaduais, como Lucílvio Girão (ex-PMDB) e Manoel Duca (ex-PRB). O evento vai ocorrer na Assembleia Legislativa. O também deputado estadual João Jaime, que teria deixado o ninho tucano ontem, deve se filiar ao DEM.
Além da presidência e de filiados mais antigos do PSDB, o evento de filiação de ontem contou com a presença do ex-senador Tasso Jereissati. Em seu discurso, o tucano defendeu a renovação do quadro de candidatos do partido, "diante da realidade nova que se apresenta", após as manifestações que tomaram as ruas do País desde junho, e deu forte indícios de que não deve ser candidato em 2014.
"Retrocesso"
"Quando dizem: você deve ser candidato a governador, eu digo: é um retrocesso. Eu fui 12 anos governador e mais 12 anos de família (Ferreira) Gomes, e vai voltar para mim? Isso daqui não é oligarquia. Nós entramos para modernizar o Estado brasileiro", declarou. O ex-senador afirmou que a "preferência" dele é de que a legenda concorra com candidatos novos, "que não venham com esses vícios" da política "que se distanciou dos ideais da população".
Apesar disso, Tasso afirmou que vai participar ativamente da campanha política, defendendo os candidatos apoiados pelo partido. O tucano, contudo, não antecipou nomes dos possíveis candidatos do PSDB que devem concorrer ao Governo, em 2014. Ele confirmou apenas que o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), deverá ser o candidato à Presidência da República o qual vai ajudar.
Tasso Jereissati avaliou que essa "renovação" é necessária, pois, para ele, a política brasileira está "vencida" e "apodrecida". "Não se tem mais política com ´p´ maiúsculo. Não existem mais grandes homens públicos que abrem mão da sua vida privada porque tem o sonho, o ideal de responsabilidade de cumprir a missão de transformar a comunidade onde vive. (...) No Ceará, estamos encontrando o limite do desaparecimento e aniquilamento desse homem público. Viraram grandes departamentos de acomodação ou moeda de troca", afirmou.
O ex-senador avaliou que os partidos políticos também seguem essa lógica "vencida" da política. "É um show mais deplorante a formação de partidos que não fazem questão de dizer nem o que pensam, numa verdadeira jogatina de interesses". Sobre o Solidariedade, legenda para a qual alguns tucanos migraram, Tasso limitou-se a dizer que "esse tipo de coisa não é coerente". "No geral, é um apodrecimento da política brasileira que não entendeu nada do que aconteceu em junho", disse.
Dentre os recém filiados, o ex-governador ressaltou, sobretudo, os médicos. De acordo com ele, são profissionais "comprometidos" em mudar a realidade da saúde pública brasileira. Durante a fala, Tasso rebateu as críticas que os médicos cearenses sofreram, em razão dos protestos que fizeram contra o programa "Mais Médicos", do Governo Federal. Segundo ele, houve uma "campanha para ´satanizar´ os médicos, em vez de cobrar as mudanças no Governo".
Candidatos
Sem comentar cargos específicos, Tasso afirmou ainda que, dos 30 médicos filiados ontem, dois já foram confirmados para serem candidatos nas eleições de 2014. São eles: Mayra Pinheiro e João Batista. Em discurso representando os médicos, Mayra destacou números negativos da saúde pública cearense e disse que a ideia da categoria é ter um representante da área da saúde em cada Parlamento estadual do País. "Ou tiramos essas pessoas que só vimos em governos fascistas, ou vamos continuar do mesmo jeito", disparou.