As denúncias de recebimento indevido do programa Bolsa Família, publicadas ontem pelo O POVO, despertaram reações na Assembleia Legislativa. O deputado estadual Fernando Hugo (PSDB) começou a colher assinaturas para enviar ofício à Controladoria Geral da União (CGU), solicitando que o órgão investigue outras supostas irregularidades do benefício no Ceará.
O parlamentar citou fatos curiosos mostrados na matéria, como os casos de donos de sítios e churrascarias que recebiam mensalmente pagamentos do Bolsa Família até meados do ano passado. “O programa esquadrinhou-se de forma político-eleitoreira”, criticou.
Ely Aguiar (PSDC) também cobrou uma fiscalização mais eficaz e disse que é preciso dar a devida importância às denúncias apresentadas. “São dados concretos, não é falácia”, frisou.
Vasques Landim (PR) acrescentou que o problema é político e que o programa sofre interferência de pessoas ligadas a gestores municipais.
A reportagem do O POVO mostrou que dona de churrascaria em Jaguaribara, proprietário de mercado em Itatira e dona de sítio em Pacoti receberam, até outubro do ano passado, dinheiro do programa federal de combate à pobreza, conforme constatou a própria CGU.
Defesa
Já os parlamentares petistas Dedé Teixeira e Antônio Carlos defenderam o programa e disseram que as irregularidades verificadas representam percentual pequeno frente ao número total de famílias beneficiadas.
A CGU, ainda conforme a matéria do O POVO, informou que foram comprovadas irregularidades em 278 das 11.686 famílias que visitou (2,4%) no País de 2007 a 2012.
O número não inclui, entretanto, 3.463 (29,6%) famílias cuja situação de irregularidade foi classificada como “impossível avaliar” ou 782 (6,7%) com “indícios” de renda superior à permitida.