Heitor destaca que não existe no Ceará um centro de ressocialização para viciados capaz de quebrar os mecanismo geradores de violência
FOTO: PAULO ROCHA/AGÊNCIA AL
O 55 homicídios registrados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) no Carnaval, o equivalente a 77,4% de crescimento em relação ao ano passado em todo o Estado, revelariam uma verdade inconveniente e já conhecida, de acordo com parlamentares ouvidos ontem: a droga seria a grande catalisadora dessas mortes. “90% são vinculados à droga, à disputa de território por gangues rivais, à cobrança do tráfico, aviões que não prestam conta e são executados”, afirma o deputado estadual Ferreira Aragão (PDT).
Segundo ele, especificamente neste Carnaval, “as agressões também aumentaram, porque houve muita concentração de pessoas na periferia. E as gangues se encontraram. Você pode observar que muitos dos crimes foram brigas de gangue. Eles continuam se matando”.
O deputado estadual Heitor Férrer (PDT) aponta que, “no Ceará, não temos um centro público de ressocialização de viciados para quebrar os mecanismos geradores de violência. Por isso que o Estado teve um aumento de 40% de homicídios em 2012”.
Para ele, deve haver uma conjugação entre redução da desigualdade social e tratamento de dependentes, associados a uma lei penal mais rigorosa. Em geral, os crimes envolvem pessoas de baixa renda, que já tiveram passagem pela polícia e teriam relação com drogas. “Vou fazer um pronunciamento pedindo ao governador condições para tratar dependentes químicos. O tratamento compulsório nem é necessário”, completa.
O líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado José Sarto (PSB), destaca que está em processo de formatação uma Assessoria Especial de Combate às Drogas, que terá à frente a ex-procuradora geral de Justiça do Estado, Socorro França. O órgão autônomo teria status de secretaria. “A internação compulsória ainda não foi discutida. Mas vamos chamar Socorro para discutir a abordagem. É um assunto polêmico”, diz Sarto.
“Essas taxas (de violência), que são muito eloquentes, refletem a ociosidade de muitas comunidades ou a ausência de práticas de lazer. Tudo passa por questão de educação”, avalia. De acordo com o deputado, o Estado estaria investindo em mais quatro escolas de ensino profissionalizante, 80 ginásios poliesportivos e 37 escolas de Ensino Médio. NÚMEROS 55homicídios ocorreram durante a folia carnavalesca deste ano 22homicídios foram apenas na Região Metropolitana