A gestão compartilhada do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) entre o Governo do Ceará e a administradora do Porto de Roterdã (Holanda), a Port of Rotterdam, sairá do papel na tarde de hoje. Será em solenidade com o governador Camilo Santana (PT) e o CEO do companhia, Allard Castelein, no Palácio da Abolição.
Esperada há mais de dois anos, a parceria conta com a maior plataforma portuária da Europa e pode representar um marco no desenvolvimento para a indústria local. A ligação entre os portos coloca o Ceará na vitrine de investidores mundo afora.
"O acordo é um passo importante para a viabilização do Cipp. Tem uma série de players (investidores) que atuam em Roterdã e estão ávidos para vir devido à nova gama de negócios", afirma Heitor Studart, presidente da Câmara Temática de Logística do Ceará (Fiec).
Outro fator é a agilidade no sistema logístico para escoar a produção ao eliminar a passagem por outros portos e permitir um percurso direto à Europa e outros estados. Com isso, as empresas cearenses poderão explorar novos mercados e ampliar a cadeia produtiva.
Uma logística eficaz, explica o economista Ricardo Coimbra, provoca efeito socioeconômico. "Como aqui será o ponto de partida, reduz um custo logístico de deslocamento e barateia o processo, criando um mercado mais competitivo. Quando as empresas passam a vender mais produtos para a Europa, com mais valor agregado, gera-se emprego e renda".
"Será fundamental para otimizar a liberação de cargas. O processo burocrático após a atracação do navio deve reduzir até 24 horas com a metodologia do Roterdã", projeta o especialista em logística, Augusto Fernandes, CEO da JM Aduaneira.
O presidente da Ceará Portos, Danilo Serpa, aposta no acordo. "Nossa expectativa está também na capacidade de junto com eles atrair novos negócios para o Complexo do Pecém".
Bruna Damasceno
Impasse
Oposição questiona parceria e diz que vai ao TCE e ao MP. Segundo deputado estadual Heitor Férrer (SD), não houve diálogo com o legislativo e o acordo ocorre sem clareza.
Impactos
O que ocorrerá na prática
O porto do Ceará estará ligado diretamente ao da Holanda e terá visibilidade para as empresas que estão lá. A gestão será compartilhada, mas ainda não foram divulgados os números de investimento e o percentual da participação de ambos. Desde 2016 que a empresa holandesa estuda o mercado no Ceará. De lá para cá, foi investido R$ 1,5 bilhão na plataforma portuária para a melhoria do Pecém.
O que muda para a indústria
Atrai investidores, desenha um canal direto para distribuir mercadorias e viabiliza expansão para o mercado externo. Reduz custos logísticos e o tempo com trâmites burocráticos. Favorece também modais indiretos, como a cabotagem e os intermodais.
O que melhora economicamente
O crescimento da indústria movimenta a economia local, atinge outros setores e gera empregos diretos e indiretos, capacitação da mão de obra e renda.