As lanternas que dão choques são irregulares. A conclusão é do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), órgão que representa o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). O POVO mostrou, em janeiro, que os equipamentos que podem levar à morte eram vendidos livremente no Centro de Fortaleza. Segundo o Ipem, o simples ato de carregar o equipamento é perigoso. O carregador que acompanha a “arma” não tem selo do instituto, portanto, não passou por teste de qualidade.
“Os conectores da lanterna são de liga ferrosa, o que é proibido”, detalha o coordenador de qualidade do Ipem, Edglê Vitoriano. O Inmetro diz que ligas ferrosas não são boas condutoras, criam resistência à passagem de energia e aquecem com facilidade. As consequências vão de curto-circuito a um incêndio.
A lanterna que dá choques possui outras irregularidades que deveriam impedir a livre comercialização: “Na embalagem não há CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) do importador e nem do fabricante. O Código de Defesa do Consumidor (CDC) exige isso,” aponta o diretor técnico do Ipem, José Lôbo. Para ele, se não há indicativos de quem produz ou distribui o produto é porque ele tem origem suspeita. Por isso, José Lôbo afirma que a não certificação dos carregadores é a menor parte do problema. “Isso é uma arma e por isso é caso de Polícia”, frisa.
Vendas
O POVO percorreu, na manhã de ontem, as ruas Senador Pompeu, Major Facundo, Pedro Pereira, Guilherme Rocha e General Sampaio, no Centro, em busca de lojas que vendessem a lanterna ou o carregador. Os vendedores admitiam conhecer o equipamento, mas não sabiam quem os vendia e, quando abordados, tentavam mudar de assunto. Um dos vendedores afirmou ter carregadores para lanternas, mas disse não vender os que são próprios para a lanterna que dá choques.
Edglê Vitoriano disse que, se o equipamento for encontrado à venda, os responsáveis serão punidos. “Nosso pessoal está de sobreaviso. As lanternas serão apreendidas e os comerciantes terão dez dias para explicar a origem do produto”, afirma. Se o fabricante da lanterna ou o distribuidor forem encontrados, serão autuados. Caso isso não aconteça, o comerciante será responsabilizado. ENTENDA A NOTÍCIA
As lanternas que dão choque eram vendidas livremente no Centro até O POVO mostrar, com exclusividade, a venda irregular do produto. Um dia após a veiculação da matéria, as lanternas sumiram das lojas. Para entender
23 de janeiro de 2013. O POVO denuncia a venda indiscriminada das lanternas que dão choques no Centro.
24 de janeiro de 2013. O deputado Heitor Férrer (PDT) entra com representação no Ministério Público Estadual pedindo a proibição da venda das lanternas. O processo ainda está em andamento. 25 de janeiro de 2013. 24 horas após a venda ser noticiada pelo O POVO, as lanternas desapareceram das prateleiras das lojas do Centro.