Deputado Cabo Sabino reclama mais ação dos oposicionistas e diz que o evento de amanhã não é da oposição, mas do PMDB que os convidou
( FOTO: FABIANE DE PAULA )
Apesar de a oposição ao Governo Camilo Santana estar tentando se reaglutinar, a bancada oposicionista ainda não se recuperou após a perda de seis de seus representantes na Assembleia Legislativa do Ceará, somente nos últimos meses. O grupo tentará, amanhã, reunir suas principais lideranças num evento no Município de Massapê, na Zona Norte do Estado, terra do presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque, um dos principais articuladores do esquema governista, cidade em que o prefeito é seu irmão e adversário político.
Parlamentares ouvidos pela reportagem do Diáriodo Nordeste chegaram a dizer que já tinham marcado eventos particulares em outras regiões do Estado com antecedência, o que inviabilizaria a participação no evento que é encabeçado pelo PMDB. Nos últimos meses, conforme disseram, o grupo esteve distanciado, visto a agenda de suas principais lideranças em Brasília. A oposição é composta por membros do PMDB, PSDB, PR, SD, PSD e PMB.
Ausência
O último encontro realizado com a presença de todos os membros da oposição, diga-se suas principais lideranças, ocorreu em abril passado, e tal demora para um novo evento fez com que alguns representantes do grupo fizessem críticas públicas. O evento de amanhã, que até pouco tempo contaria apenas com a participação de peemedebistas, foi estendido para filiados de PSDB, Solidariedade, PSD, PR e PMB. O objetivo, segundo disseram, é debater projetos estratégicos para o Estado, além de discutir conjunturas para o pleito de 2018.
Segurança Pública e abastecimento hídrico, além da interiorização do Ensino Superior, devem dar o tom das discussões. No entanto, a ausência de seis membros do bloco parlamentar formado por PMDB, PSD e PMB será sentida no evento programado para acontecer no Município de Massapê, na região Norte do Estado.
Os deputados estaduais Silvana Oliveira, Audic Mota, Agenor Neto, todos do PMDB, mais Bethrose, Gony Arruda e Osmar Baquit, do PMB e do PSD, estão em rota de colisão com seus respectivos partidos e a tendência é que, muito em breve, eles deixem os quadros de tais siglas, pela expulsão, no caso dos peemedebistas, e por disposição própria, os demais que estão integrados ao grupo governista.
Apesar de alguns membros da oposição não considerarem que essa dissidência no bloco represente uma perda para o grupo, os seis parlamentares juntos representam um total de mais de 274 mil votos, o que faria falta em uma provável disputa que a bancada de oposição travasse com a situação, além de estarem defendendo as ideias do Governo, com Camilo Santana se preparando para disputar um novo mandato.
Somando os votos dos deputados citados, e mais os de Walter Cavalcante (PP) e Tomaz Holanda (PPS), que foram eleitos pela oposição mas também aderiram ao Governo, a quantidade de votos recebidos por esse grupo, em 2014, foi de mais de 333 mil votos. Para se ter uma ideia, no pleito passado, a diferença de votos entre o governador eleito, Camilo Santana, e o candidato derrotado, Eunício Oliveira (PMDB), foi de 303 mil votos.
Planejamentos
Coordenador da Bancada Cearense na Câmara Federal, o deputado Cabo Sabino (PR), que vem cobrando mais entrosamento entre a oposição, afirmou que não sabe se poderá participar do evento, pois estará em outro encontro no Município de Ipu. Ele destacou que os encontros são necessários, ressaltando ainda que a reunião de amanhã não é do colegiado de opositores, mas do PMDB que convidou alguns aliados.
"É importante que a oposição esteja junta, e não apenas em eventos públicos, mas em planejamentos internos. Os deputados que não fazem mais parte da oposição e aderiram ao Governo devem sair desses partidos nas 'janelas partidárias' e seguir para partidos aliados ao governador", disse Sabino.
O deputado Roberto Mesquita (PSD) pode participar do evento, e destacou que a oposição deve se reunir mais para discutir pontos convergentes e apresentar propostas para o pleito do ano que vem, além de fazer com que haja sintonia entre seus membros. "Essa dissidência que há no grupo de oposição prejudica muito o nosso trabalho", lamentou o parlamentar.
Para Carlos Matos (PSDB), o evento significa "atitude política", buscando estar próximo à população. "Queremos dar um sentido de cooperação entre os partidos. Política se faz com compartilhamento de ideias e sensibilidade para encontrar as melhores respostas aos desafios". O presidente do PSD, deputado Domingos Neto, afirmou que estará presente ao evento, destacando que os partidos estão unidos em nível regional e nacional.