Em discurso ontem na Assembleia Legislativa, o deputado Renato Roseno (PSOL) afirmou que a última quarta-feira (23) talvez tenha sido um dos dias mais "terríveis" para aqueles que pensam em um futuro melhor para o País. A análise foi uma reação ao anúncio feito pelo Governo Federal de que pretende colocar à disposição da iniciativa privada a administração de 57 equipamentos públicos, dentre eles a Eletrobras e a Casa da Moeda. "A sensação que nos dá é de que o poço não tem fundo. Não há hoje, em curto prazo, pelo menos, projeto de País que possa unificar as maiorias sociais, as classes trabalhadoras, com força para se contrapor de imediato a estes ataques", lamentou.
Roseno disse que o Governo anunciou a liquidação total do Brasil. "São 57 ativos do patrimônio público brasileiro. Até o Aeroporto de Juazeiro, a Eletrobras e reservas minerais. Infraestrutura construída com dinheiro do povo brasileiro está sendo liquidada", afirmou. O País, segundo o deputado, precisa pensar na segurança nacional de forma estratégica. Ele sustentou que setores essenciais não podem estar sob o comando de corporações, sobretudo transnacionais.
"Nós já entregamos telefonia, energia elétrica, uma parcela da siderurgia, a infraestrutura viária para as corporações. Até a Casa da Moeda entrará no pacote de liquidação", criticou. O parlamentar do PSOL alertou, ainda, para o "lockout", que ocorre quando o patronato fecha as empresas e boicota a economia nacional em determinados setores estratégicos para prejudicar o poder político. "Isso é tão antigo quanto a política. O que seria, por exemplo, um 'lockout' no setor de telecomunicações ou no setor energético?", questionou.
Cabides de empregos
A agenda do Governo Temer (PMDB), segundo o deputado do PSOL, é contra o povo brasileiro. "Sei que há pessoas que dizem que as estatais sempre foram cabides de empregos. Esse é o problema que precisa ser atacado. Um maior controle social, maior transparência, melhorar e profissionalizar gestores, fazer com que as estatais que cumprem papel estratégicos, possam ser geridas de maneira mais republicana", opinou.
As privatizações e concessões, conforme apontou, já estão fazendo escola nos governos estaduais, com a formação de "oligopólios privados" que não estarão sob controle. "O Marco Regulatório brasileiro é muito falho. Quem regula a antiga Coelce, hoje Enel? Não tem quem regule. A Arce não regula e nem a Aneel. Ela faz todo ano seus lucros, para dar um exemplo local, e sobram reclamações dos consumidores", afirmou.