Novos estudos, pesquisas e levantamentos mostram que a violência é a maior chaga social brasileira. Um problema que não escolhe classe social para fazer vítimas, mas que atinge sobremaneira os mais pobres, principalmente os mais jovens. Os números são dramáticos. Diferentemente das décadas 1980 e 1990, o maior foco de violência encontra-se nas regiões Norte e Nordeste, justamente as mais pobres do País.
Estudo apresentado ontem na Assembleia Legislativa do Ceará revelou que Fortaleza é a capital do Brasil com maior Índice de Homicídios na Adolescência (IHA). Segundo a pesquisa, para cada grupo de mil adolescentes entre 12 e 18 anos, 10,94 devem ser assassinados até 2021 na Capital cearense se as condições não mudarem. Os dados se baseiam em informações de 2014.
Na mesma linha, a mais nova versão do Atlas da Violência divulgado ontem pelo Ipea aponta que homens, negros, jovens e com baixa escolaridade são as principais vítimas. “Os assassinatos representam hoje quase a metade (47,8%) das causas de morte de jovens de 15 a 29 anos no Brasil, e a taxa de homicídios por 100 mil pessoas nessa faixa etária cresceu 17,2% entre 2005 e 2015 após ter começado a apresentar sinais de estagnação na década passada”.
Não são exatamente uma novidade que as faixas etárias mais jovens sejam as mais expostas à violência. Porém, o crescimento dos índices chama a atenção para diversos pontos. Um em especial: embora o País e os estados venham gastando mais recursos nas últimas duas décadas com políticas públicas de assistência social e de educação, os índices só cresceram.
É sinal de que essas políticas precisam ser revistas e ampliadas. A educação está e sempre estará no centro dessa questão. A evasão escolar é um problema a ser tratado com a máxima urgência. Escolas em dois turnos é uma meta importante. Constantes greves nesse setor é sempre um prejuízo. Um jovem na escola e fora das ruas é sempre um elemento fundamental para que o jovem não seja atraído para compor a mão de obra do crime.
O problema jamais deve ser tratado apenas como uma questão policial. Esse é um erro comum, limitador de soluções e, portanto, a ser evitado.