Deputado Roberto Mesquita externa sua preocupação com o problema da falta de água para o consumo humano e a agricultura
FOTO: VIVIANE PINHEIRO
O deputado Roberto Mesquita (PV) cobrou ontem, durante pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa, uma maior atenção para o problema da falta de água no Interior do Ceará. A chamada seca verde, de acordo com o parlamentar, precisa ser debatida, pois traz enormes prejuízos para o homem do campo, e um dos reflexos da seca, destaca, é o êxodo rural.
Recentemente, o deputado Cirilo Pimenta (PSD) da mesma tribuna do Legislativo estadual, advertiu as autoridades estaduais e federais para o problema que já está prejudicando o homem do campo e também a pecuária leiteira cearense, em razão da dificuldade para a alimentação do rebanho bovino.
Segundo Roberto Mesquita, a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) já estima uma perda de 45% da safra. O deputado alerta que isso já é motivo suficiente para que as autoridades venham a discutir como vai ser a vida do homem do campo no segundo semestre, ou seja, a necessidade de mais uma vez depender do carro-pipa devido a falta de água e os poços que ficam salinizados.
Roberto Mesquita avalia que já dispomos de tecnologia suficiente para resolver o problema da seca que afeta, principalmente, o Nordeste do País. Uma prova disso, aponta, são locais que dispõem de menos condições para a agricultura, como Israel, e possuem tecnologia suficiente para garantir produção durante todo ano, questionando porque o mesmo não pode ser feito aqui.
Inseridos
"Nós já sabemos que tempos secos chegam. Por mais que tenham tentado resolver, esse problema ainda continua. Estamos inseridos em um mundo onde a tecnologia e a informática fazem milagres, então devemos discutir o porquê de não conseguirmos resolver essa situação grave", declarou.
No caso da salinização dos poços de água, o deputado aponta já existir mecanismos para dessalinizar a água e deixá-la pronta para o consumo, com o custa mais barato do que muitas políticas. Em muitas regiões, destaca, o problema não é nem a falta de água, mas a salinização.
Roberto Mesquita avalia que para alguns, é bastante interessante que o sertão continue pobre e dependente de água, pois assim os "currais" são formados. "Foi assim que muitas pessoas conseguiram se manter no poder", opinou. Ele criticou a atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Segundo o parlamentar, quando a Sudene foi implantada, houve uma grande expectativa, porém logo foi percebido que a ação do órgão não chegava ao homem do campo, pois só quem tem acesso são os "magnatas".
Na avaliação do parlamentar, um empreendimento que vai ajudar bastante o Nordeste é a Transposição do Rio São Francisco. A obra já recebeu crítica de alguns parlamentares, como do deputado Welington Landim (PSB), por ainda estar caminhando a passos lentos no Ceará. Roberto Mesquita defende que se deve exigir o término da obra, pois analisa que a Transposição é "um dos vetores que vai fazer com que a seca não aflija tanto o cearense".
Outros deputados também já manifestaram suas preocupações com a irregularidade da fase invernosa. Em alguns locais, dizem, cearenses já estão sendo ameaçados com a falta de água para o consumo, reclamando uma urgência providência para a distribuição por carro-pipa.