De acordo com o parlamentar, estão sendo construídos no local pelo menos 46 poços, capazes de extrair 200 litros de água por segundo, o que, na opinião dele, vai afetar o acesso à água de 26 comunidades da região.
“É uma intervenção que vai prejudicar a atividade econômica dos moradores de Caucaia e região, além de ser feita em uma área de proteção ambiental e sem consulta pública”, apontou o deputado.
Renato Roseno comentou que a obra simboliza o modelo de gestão hídrica adotado pelo Ceará, nos últimos tempos. “Se busca proporcionar segurança hídrica às grandes indústrias, enquanto o acesso dos pequenos à água fica comprometido”, lamentou.
O deputado clamou que a Assembleia discuta sobre a gestão dos recursos hídricos no Estado. “O Governo deveria ser mais responsável com a segurança hídrica, já que o modelo adotado se mostrou equivocado, pois não temos água sobrando e há uma guerra pelo seu acesso”, avaliou.
Ainda segundo ele, “nesta disputa pela água, os demais parlamentares precisam decidir de que lado estarão, se do lado das comunidades afetadas pela escassez da água ou dos grandes empreendimentos econômicos que têm muito poder político”.
Em aparte, o deputado João Jaime (DEM) reconheceu que existe uma guerra pela água no Ceará, mas que não considera a obra do Governo do Estado em Caucaia ilegal.
“Existe uma reserva de dunas no Complexo do Porto do Pecém, criada especialmente para que a água acumulada nela possa, posteriormente, ser utilizada pela população ou abasteça o próprio porto. Além disso, as indústrias geram milhares de empregos e não podem fechar”, assinalou João Jaime.
Já o deputado Carlos Felipe (PCdoB) defendeu que o debate sobre a gestão hídrica deve ser feito com seriedade e coerência, e que concorda com o posicionamento de Renato Roseno sobre a questão. “Somos a favor da utilização de energias limpas no Ceará, mas não temos condições no momento de abrir mão da energia das termoelétricas, o que seria o ideal”, pontuou Carlos Felipe.
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