Heitor Férrer (PSB) defende que, para reduzir atritos, é importante respeitar a Constituição
( Foto: José Leomar )
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última segunda-feira (29), afirmou que o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) deixou "uma cicatriz na sociedade brasileira", que tem contribuído para uma contínua fonte de discordância na população. Para deputados da Assembleia Legislativa do Ceará, porém, com as recentes denúncias contra o Governo Michel Temer (PMDB), as divisões entre os pensamentos no País se atenuaram.
De acordo com parlamentares, a situação se deu depois que denúncias revelaram o quanto os esquemas fraudulentos envolvem, praticamente, todos os entes públicos da República. No entanto, outros afirmam que o País ainda está longe de chegar a uma unidade de pensamentos, visto o atual momento de crise econômica, política e social.
A discordância da vez orbita em torno de que, na possibilidade de queda de Temer, o ideal seria a realização de eleição indireta, em que o Congresso Nacional escolheria o "presidente tampão", ou de eleição direta, com participação do povo na escolha do próximo representante.
Para o deputado Julinho (PDT), o que tem se notado é que algumas pessoas e organizações, como sindicatos com alinhamento mais à esquerda, estão indo às ruas para pedir a saída do presidente. Já aqueles mais alinhados à direita, segundo ele, querem criminalizar o movimento, que na opinião do parlamentar é legítimo.
"O que notamos é que existe uma grande decepção com o presidente Michel Temer, porque o modus operandi continua o mesmo. Então, o que há é essa decepção. O que nos deixa preocupados é que, em não havendo definição, o Brasil passará mais tempo para voltar ao crescimento de outrora", lamenta.
Manoel Santana (PT) opina que o País está dividido a respeito de questões políticas e econômicas, mas não em todos os aspectos. Segundo ele, o debate deve ser feito em relação às questões econômicas, visto que, em sua avaliação, há um grupo que trabalha a retirada de direitos trabalhistas e previdenciários.
"Esse projeto está se conflitando com aqueles que defendem os direitos dos trabalhadores. O que faltava na frente de esquerda era uma clareza de programas, e agora a Frente Brasil Popular lançou o esboço de um programa para discutir isso com a população", afirma.
Já o deputado Heitor Férrer (PSB) acredita que a divisão no País diminuiu com as denúncias recentes de envolvimento de políticos que até pouco tempo eram tidos como opções em meio aos casos de corrupção envolvendo as gestões petistas. Segundo ele, para que os atritos sejam cada vez mais reduzidos, é importante que se defenda o que dita a Constituição. "São essas regras que amadurecem a democracia", sustenta.
Instabilidade maior
Para Evandro Leitão (PDT), a divisão do País só tem se agravado a cada nova delação. Segundo ele, a situação do Brasil ainda segue preocupante, visto a instabilidade política que acaba refletindo na economia. "Nós temos muita preocupação, porque isso acaba refletindo na situação do cidadão", diz o pedetista.
A deputada Silvana Oliveira (PMDB), por sua vez, acredita que as posições estão sendo colocadas às claras e a divisão tem servido para apresentar aqueles que seriam favoráveis à recuperação econômica do Brasil e os que insistem em discurso ultrapassado. "As denúncias contra o Temer acabaram por apresentar outro perfil de enfrentamento do Governo Temer, porque as pessoas não acham mais que ele seja inocente", observa.