De acordo com o parlamentar, na oportunidade, também será avaliada a situação das casas de proteção de adolescentes que estão sob medidas punitivas. “O último episódio de rebelião, no Centro Dom Bosco, registrou a destruição de um Fiat Uno de um socioeducador, sendo completamente incendiado”, afirmou.
Capitão Wagner acentuou que não só o patrimônio está sendo ameaçado, mas também a integridade física dos trabalhadores. “Já houve caso de perda de olho e dois socioeducadores foram apedrejados, sendo que um levou uma paulada e está sujeito a perder o movimento do braço”, informou.
O parlamentar lembrou que, na semana passada, o deputado Renato Roseno (Psol) trouxe à tribuna da Assembleia o pedido de decretação de estado de emergência no sistema socioeducativo. “É um problema grave. Será que é necessário morrer um instrutor ou um interno? A gente espera que haja responsabilidade do Governo no trato dessa questão”, acentuou.
Para o deputado, o que fica parecendo é que o sistema não acha ruim as rebeliões que acontecem. “Sempre que há uma revolta, quem realiza a obra de restauração é a mesma empresa. Não há interesse em resolver o problema, porque instituições ligadas a políticos que contratam os socioeducadores recebem R$ 4 mil por agente, e só repassa R$1 mil para os profissionais. Essas ONGs estão lucrando alto. Uma ONG ligada à família política do Cariri recebe R$ 9 milhões por ano”, denunciou.
Wagner informou ainda que, com o fechamento do Centro Socioeducativo do Passaré, onde ocorreu a última rebelião, 180 adolescentes “que estavam amontoados” foram transferidos para o Centro Patativa do Assaré, que já está superlotado. “O juiz da Infância e da Juventude disse que não sabe mais o que fazer”, pontuou.
O deputado Renato Roseno (Psol), em aparte, afirmou que, há mais de 10 anos, há relatórios produzidos para fortalecer a carreira de socioeducador, que existe em vários outros estados como carreira de Estado. “Hoje, temos essa situação totalmente incerta dos profissionais. O Estado paga per capita R$ 4 mil e o servidor só percebe R$ 1 mil”. Para Roseno, não haverá redução de homicídios no Estado se as casas socioeducativas “estão produzindo em larga escala sujeitos mais violentos”.
O deputado Agenor Neto (PMDB) disse que é de se esperar que, em um local onde deveriam ficar 20 jovens e são colocados 176, só sairão especialistas em ações criminosas.
O vice-líder do Governo, Leonardo Pinheiro (PSD), afirmou que há um esforço muito grande do Governo do Estado em sanar o problema, inclusive realizando reformas nas casas de abrigo. “Foi também decretada a moratória de 90 dias para transferência para a Capital de adolescentes que praticarem crimes de menor monta, como furtos, informou.
JS/CG