Um novo tensionamento ocorreu, ontem, na Assembleia Legislativa, entre situação e oposição, após o líder do Governo, deputado Evandro Leitão (PDT), ter apresentado à Mesa Diretora, requerimento que pedia a tramitação de urgência da mensagem de N.º 7.786, oriunda do Governo do Estado, para contratação de empréstimo no valor de U$$ 123 milhões, por meio do financiamento ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid), para o Programa de Expansão e Melhoria da Assistência Especializada à Saúde no Estado Do Ceará (Proexames II), que visa, no pacote, à construção de um hospital no município de Jaguaribe. A mensagem chegou a Casa, em 21 de setembro, e ainda tramitava na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Publico, que tem como presidente o deputado Agenor Neto (PMDB). A comissão, que tem 15 dias para devolver a matéria para o plenário, segundo a base aliada, ainda não havia designado um relator. “Tendo em vista que a Presidência da Comissão não o faz, o líder apresentou esse requerimento”, defendeu o deputado Sérgio Aguiar (Pros). A base aliada acusou ainda Agenor de, propositalmente, “segurar” a mensagem. O deputado Ivo Gomes chegou a chama-lo de “chantagista”. A oposição reagiu e criticou a mensagem, alegando ser mais um endividamento da máquina em tempo de crise, e de fazer um novo equipamento, sem ter recursos para custear os existentes. O mérito e trâmite da matéria fomentou a discussão. “Governo do Estado, no afã de dar uma resposta acerca de construções e de levantamento de verbas, tem mandado, a esta Casa, quase que constantemente, mensagens com o pedido de urgência, pedido este que não dá tempo a esses parlamentares de se debruçarem sobre o que realmente está por trás, ou qual a intenção real de referidas mensagens”, criticou o deputado Leonardo Pinheiro. “Nós não podemos iniciar obras, elefantes brancos, sem colocar para funcionar o Hospital de Quixeramobim, por exemplo, porque lá inauguraram o hospital sem terem finalizado o sistema de abastecimento de água”, rechaçou, assegurando não ser contra a construção do equipamento. O deputado Joaquim Noronha (PP) classificou a matéria como “delicada”, tendo em vista que pode endividar o Governo. “Eu defendo aqui uma comissão para discutir sobre a finalidade do dinheiro que poderia, por exemplo, ir para o maquinário do Hospital de Quixeramobim, bem como ampliação e reforma do HGF e o IJF”, disse. Apesar de ser da base aliada, o deputado Bruno Gonçalves (PEN) criticou a mensagem e cobrou agilidade por parte do Executivo para resolver problemáticas que dizem respeito a diversas áreas, principalmente à saúde. “Sou deputado da base e, por isso, desde fevereiro, venho cobrando, semanalmente, de todas as secretarias, atitudes do Governo. Esse é um governo que me mostra que é diferente do outro, contudo, tem diálogo, mas não tem agilidade”. Bruno disse que há hospitais no Estado que estão faltando bolsa de colostomia, tendo em vista a pasta da Saúde não ter agilizado a licitação. “Temos que ter agilidade para resolver os problemas com a verba que temos”, pontuou. Em defesa do Governo e do recurso usado pelo líder, o deputado Elmano de Freitas destacou que o empréstimo tem cinco anos de carência e prazo de 20 anos para pagar todo o empréstimo sob juros de 1,3%. “Nós não podemos ter dúvidas sobre a urgência. Temos que ter certeza sobre essa mensagem, porque o povo do Ceará merece essa obra. Temos que garantir recursos para o Ceará”, respaldou. Votação A discussão mobilizou ainda a fala de vários deputados como Audic Mota (PMDB), Heitor Férrer (PSB), Ferreira Aragão (PDT), Dr. Silvana (PMDB), Danniel Oliveira (PMDB), Roberto Mesquita (PV), Capitão Wagner (PR), Ely Aguiar (PSDC), entre outros. O recurso foi aprovado com 22 votos a favor e sete contra.