Morreu ontem, aos 88 anos, o ex-deputado cearense Paes de Andrade (PMDB). Com longa carreira na política cearense e em Brasília, o ex-parlamentar ganhou projeção nacional, ao longo da trajetória pública, quando assumiu a Presidência da Câmara Federal e ocupou por diversos momentos a Presidência interina do País.
Com imagem de bom articulador político, Paes adquiriu maior influência no Congresso Nacional entre as décadas de 80 e 90. Natural de Mombaça, foi deputado federal por oito mandatos, com passagens pelos partidos PSD, MDB e PMDB, tendo presidido a Câmara dos Deputados entre 1989 e 1990.
Em uma das 11 vezes que assumiu o comando do País no lugar do então presidente José Sarney, autorizou a construção do açude Castanhão no Ceará e sancionou também o projeto que reformulou o FGTS. Tentou ser prefeito de Fortaleza e governador do Ceará, mas não obteve êxito.
Após não se reeleger para deputado federal em 2002, o então parlamentar deixou o Brasil para ocupar vaga de embaixador do Brasil em Portugal. Ao fim de 2007, Andrade deixou o posto e era atualmente presidente de honra do PMDB. De acordo com familiares, ele morreu após sofrer falência múltipla dos órgãos.
Paes estava internado no hospital Santa Lúcia, em Brasília. Na semana passada, chegou a fazer uma cirurgia para a implantação de uma sonda gástrica. O peemedebista era sogro do senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE), que é casado com Mônica Paes de Andrade Oliveira.
O velório ocorrerá no Salão Negro do Senado Federal, a partir das 8 horas de hoje. O sepultamento será realizado na tarde desta quinta-feira, no cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
Repercussão
Para o senador Eunício Oliveira (PMDB), “o legado de Paes de Andrade está sintetizado em uma frase que um dia o ouvi falar: ‘O que eu vou deixar para meus netos e meus filhos são as minhas mãos limpas e a minha honra’”.
“Desejo expressar meu pesar pela morte de Antônio Paes de Andrade. Ex-presidente da Câmara dos Deputados e embaixador do Brasil em Portugal, foi importante liderança no PMDB e ativo participante da vida política do País”, afirmou a presidente Dilma Rousseff (PT).
Para o deputado Zezinho Albuquerque (Pros), Paes era um “nome de reconhecido espírito público, que prestou grandes serviços ao Ceará e ao País desde a década de 1950”.
Saiba mais
Paes teve quatro filhas. Iniciou seus estudos superiores em 1949 na Faculdade de Direito do Distrito Federal, formando-se em 1953. Foi eleito ainda três vezes deputado estadual.
Enquanto presidente interino, o peemedebista convidou parentes, aliados e amigos para voar no avião presidencial de Brasília até sua cidade natal, em Mombaça, no Ceará.
O governador Camilo Santana (PT) lamentou a morte do ex-parlamentar e declarou luto oficial de três dias no Estado.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), lamentou a morte do colega, mas decidiu não suspender a sessão deliberativa marcada para ontem.