Para Leonice Holanda, master coach do curso, a vivência deve ajudar os servidores a escolherem em qual área atuar
FOTO: BRUNO GOMES
O desejo de transformar a realidade social por meio de atividades voluntárias vem atingindo número cada vez maior de pessoas. Seguindo esta tendência, empresas brasileiras dos setores público e privado vêm adotando programas para estimular, entre seus colaboradores, o engajamento em projetos sociais. Neste sentido, a Assembleia Legislativa do Ceará deu início ao Programa de Sensibilização para o Voluntariado.
Por meio da iniciativa, a Casa oferece aos seus funcionários a oportunidade de refletir acerca da atividade voluntária em um curso, com o objetivo de que cada um descubra a área com que mais se identifica.
Para tanto, instituições beneficentes situadas na Capital, atuantes em diversos segmentos, abriram as portas para receber os participantes do programa. São entidades voltadas à assistência aos idosos, a crianças portadoras de enfermidades, a animais abandonados e a jovens artistas, por exemplo.
O curso terá duração de cinco dias, entre 11 e 15 de maio, tendo à frente a master coach e mestre em Administração Leonice Holanda. Conforme a ministradora, a vivência será oportuna para desenvolver a sensibilidade dos servidores ao voluntariado, de modo que todos possam decidir, de maneira responsável e consciente, qual serviço preferem prestar. "O cuidador também precisa de cuidados. Para que o voluntário se sustente no trabalho e não desista, é preciso estar preparado emocionalmente. Então, vou dar assistência a esse grupo de servidores, aplicando ferramentas do coaching para voluntariado", explica Leonice Holanda.
De acordo com a formadora, é comum que neste tipo de programa os participantes ingressem sem ter ideia do que irão fazer. Entretanto, por meio do coaching, é possível refletir acerca de todas as possibilidades para, então, decidir a qual atividade irá direcionar-se.
Cada membro do grupo traça um plano de ação, com etapas definidas a serem cumpridas, recebendo acompanhamento individualizado pela facilitadora. "A decisão, no final, deve ser segura, para que o compromisso tenha sustentabilidade e seja assumido de maneira consciente".
Motivação
Conforme pesquisa da Fundação Itaú Social, realizada em setembro de 2014 pelo Instituto Datafolha, 51% dos brasileiros apontam como benefícios causados pelo voluntariado a "sensação de bem-estar e de fazer o bem", como recompensa pelo trabalho prestado. Outros 40% indicam, como recompensa, "sentir-se útil".
Na mesma pesquisa, constatou-se que 40% das pessoas que não realizam atividades voluntárias alegam "falta de tempo" para dedicar-se ao serviço. A este respeito, Leonice destaca que "tempo é questão de prioridade". Para a facilitadora, por meio do coaching é possível reverter este tipo de pensamento, tendo em vista que diversas opções de serviços voluntários na região serão devidamente abordadas no curso, de modo que, conhecendo de perto a realidade de cada instituição, a pessoa pode ficar sensibilizada a atuar em uma.
A ideia implementada na Assembleia, conforme Leonice, tem o caráter de permanência. Assim, os funcionários que se engajarem no programa hoje podem, no futuro, repassar o conhecimento adquirido a outros servidores que decidam se comprometer com a causa, formando uma "corrente do bem", nas palavras da master coach.
"Depois de dez anos atuando, o que restará à pessoa é o conhecimento, e então ela se torna uma profissional, com capacidade para disseminar o que aprendeu com outras pessoas e instituições", ressalta.
Na visão de Leonice, o voluntariado hoje está estabelecendo uma quebra de paradigma. Se, antes, as pessoas engajadas levavam os conhecimentos pessoais e profissionais para aplicar na atividade voluntária, hoje ocorre também o movimento inverso. "Muitas pessoas dizem que usam os conhecimentos adquiridos nos programas solidários em outros locais, como no emprego e em casa", ressalta.