O artigo, lido pelo parlamentar, diz que a torcida pelo fracasso no Brasil é quase uma instituição nacional. "É impressionante observar a quantidade de pessoas no País torcendo para que a Copa do Mundo resulte num retumbante fracasso, sem levar em consideração que o Brasil está inserido numa ordem mundial, e o fracasso desse tipo de evento fatalmente irá comprometer o prestígio do País por muito tempo”, pontuou.
De acordo com o artigo, sucesso e fracasso têm pesos diferentes na cultura dos povos. Países como os Estados Unidos cultuam o sucesso como doutrina. “O americano médio tem orgulho por seu país liderar o mundo e ama pessoas bem-sucedidas, porque elas representam a força do país. O termo “loser” (perdedor) nos Estados Unidos é uma grave ofensa pessoal. No Brasil, ao contrário, temos o hábito de desconfiar do sucesso como se este fosse resultado de atividades escusas, espertezas ou sorte. A crença no preparo, na inteligência, na boa-fé, na perseverança e na honestidade é frágil”.
Ainda de acordo com o artigo, cientistas, pesquisadores, grandes profissionais, empreendedores bem-sucedidos das mais diversas atividades são personagens periféricos e sem importância em nossa cultura. Somos o país da malandragem, não dos grandes feitos. “Gostamos da Mulher Melancia, com sua bunda, e daquele atleta do nosso time favorito que, sem ter o segundo grau completo, conseguiu um contrato milionário com um clube europeu. Temos admiração por quem consegue algum sucesso pulando etapas, como a da educação”, cita o artigo.
O autor ressalta que o brasileiro tem esse lado negativo, mórbido, de torcer para que algo não funcione, porque acredita que não será ele quem usufruirá dos benefícios. “A torcida para que os estádios não fiquem prontos, para que o planejamento falhe, para que os transportes não funcionem e todas as desgraças possíveis e imagináveis está no subconsciente de muitos brasileiros de forma natural”, diz.
O artigo assinala ainda que o pior é que não nos sentimos responsáveis como povo, pois responsabilidade significa comprometimento e, no fundo, fomos educados para transferir responsabilidades, descrer do mérito, do esforço, porque no fim tudo se ajeita, Deus provê. “A malandragem é uma lógica aceitável. Fazemos discursos moralistas e éticos para nossos filhos e, logo em seguida, damos um golpezinho na conta do restaurante na frente deles. Somos incapazes de dizer ao garçom que ele se esqueceu de lançar na conta o suco de laranja que consumimos, afinal, os caras também empurraram o couvert que não pedimos”, destaca o texto.
O deputado também criticou os planos de saúde, que “cobram caro pelos serviços médicos, mas, quando o cliente busca um atendimento, descobre que a empresa bloqueou os serviços”, disse.
JS/CG