Esteve em pauta ontem (3), entre os parlamentares cearenses, o boato de que a administração municipal de Fortaleza estaria distribuindo cartilhas que tratam sobre a sexualidade na primeira infância. O assunto repercutiu tanto na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (AL-CE) quanto na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), com manifestações de repúdio à suposta distribuição e falas de repreensão à divulgação das informações, que são falsas. O deputado estadual Delegado Cavalcante (PSL) comentou o assunto durante sessão plenária da Assembleia. Ele disse que o material distribuído no treinamento para os professores tem, entre os principais pontos, ‘ideologia de gênero’, ‘autoerotismo’, Freud, sexualidade das crianças e críticas à ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. “É um material indigno de ser implantado em qualquer escola, pois estimula a exploração da criança”, salientou. Ele afirmou que tanto o poder público municipal quanto seu próprio mandato estão apurando a situação, mas disse não saber se o caso tem viés partidário. O parlamentar chegou a confirmar que houve um treinamento com professores para tratar do assunto, mas informou que não pode revelar as fontes. Na mesma ocasião, o deputado Apóstolo Luiz Henrique (PP) explicou que o caso servirá como exemplo “para qualquer deputado ou vereador que lance qualquer projeto que macule a dignidade das crianças”. “Foi bom isso ter acontecido, pois o Ceará e outros estados se manifestaram abertamente contra a ideologia de gênero e contra tratar o assunto sexualidade nas escolas”, declarou. Boato Em meio às manifestações de repúdio ao material divulgado, outros parlamentares foram à tribuna para manifestar que a informação que circula não é verdadeira. O deputado Queiroz Filho (PDT) lembrou que a jornalista Regina Villela, que realizou a denúncia, afirmou que essas cartilhas estavam sendo distribuídas nas escolas. “Quero lembrar aqui que isso é falso e é sobre isso que estamos falando.” O deputado Heitor Férrer (SD) alertou, durante o tempo de liderança da sessão plenária da AL, para a disseminação de notícias falsas pela internet. Segundo ele, a notícia que está circulando na internet é falsa e não deve ser compartilhada. “É lamentável que as pessoas ainda alimentem notícias fake na internet. É uma maldade feita apenas para denegrir determinada pessoa”, lamentou. O parlamentar enfatizou a necessidade de as pessoas se informarem melhor através de sites e jornais sérios, para poder saber o que realmente está acontecendo. “Atualmente, com as redes sociais e, principalmente, WhatsApp, é muito fácil disseminar uma notícia falsa. A sociedade não pode se deixar ser instrumento de pessoas que não têm ética”, assinalou. Na Câmara Municipal, “Eu venho aqui prestar solidariedade aos 12 mil professores da rede municipal de ensino, às 220 mil famílias que têm seus filhos estudando na rede pública, diante da leviandade que tomou conta, ontem, de Fortaleza, a partir de um vídeo irresponsável, politiqueiro e acima de tudo mentiroso”, disse ele, em referência ao conteúdo publicado por Regina Villela, no YouTube. O vídeo, conta ele, faz parte de uma mesma “fábrica de mentiras” que num período anterior “produziu o falacioso kit gay ou uma mamadeira que tinha um formato fálico”. A Secretaria Municipal de Educação (SME) já havia desmentido, no dia anterior, as informações divulgadas no vídeo, identificando as imagens apresentadas pela jornalista como “montagem grosseira”. A administração pública abriu uma queixa-crime na Polícia Civil, como resultado.