O Partido Social Liberal (PSL) do Ceará apresenta sinais de acirramento interno. O clima negativo na sigla teria se originado após a nomeação da comissão provisória. As escolhas destes membros faz com que parte dos filiados acredite que o presidente estadual da agremiação, o deputado federal Heitor Freire, escanteou aliados.
Na lista da comissão provisória - representação de um partido até que se estabeleça um diretório, caso do PSL cearense - há oito nomes, que se dividem em cargos de direção.
O artigo 28 do estatuto do partido de Bolsonaro, por sua vez, diz que onde não houver diretórios constituídos, "a Comissão Executiva Nacional designará uma Comissão Provisória composta de no mínimo sete e no máximo 11 eleitores do Estado".
Apesar de formalmente a responsabilidade pelos nomes ser de instância nacional, entre os membros da comissão provisória há um irmão do pesselista, Leonardo Freire, (como vogal), o motorista e segurança do deputado, Cristiano Azevedo Costa, também como vogal.
A vice-presidência da sigla, hoje, é ocupada por João Luiz Frota Fiuza, líder do movimento Direita Ceará. A primeira secretaria do partido acomoda Lucas Felício Fiuza, primo de João.
Nomes como o do ex-candidato ao Governo do Ceará, Hélio Gois, do suplente de Freire, Coronel Bezerra, e do deputado estadual Delegado Cavalcante não figuram a lista, apesar de serem lideranças da sigla e terem participado do processo eleitoral do ano passado.
Procurado, o deputado Delegado Cavalcante limitou-se a afirmar que Freire lhe prometera a vice-presidência há mais de um mês, o que ainda não aconteceu. Ele diz esperar, ainda, uma explicação.
Outra fonte falou reservadamente que o deputado federal "quer o partido para si". "Sempre teve o partido como se fosse dele, faz o que quer, sem combinar com ninguém", complementa.
Fundadora do grupo de militância conservadora Conexão Patriota, Perpetua Aguiar Germano é ex-membro do Direita Ceará. Ela reivindica, inclusive, ter levado o Direita para o Interior do Estado. Rompida com o presidente do PSL Ceará, ela diz preferir não relevar os motivos da situação.
Também Heitor Freire prefere não comentar os motivos do rompimento. Resume-se a dizer que "algumas coisa aconteceram na época da campanha e não concordei", ainda durante a caminhada que sagrou Bolsonaro presidente.
O POVO apurou, inclusive, que o deputado moverá processo contra a ela. Questionada sobre motivo para a ação, ela desconversa: "eu acho que quem tem que falar é ele porque eu não recebi nenhuma notificação". Mas admite ter conhecimento: "Dizem que ele vai me processar, mas não sei se vai existir (o processo)".
Secretário-geral do PSL, Aldairton Carvalho diz que as críticas são improcedentes. "O Heitor naturalmente é o líder do partido. O partido não tinha o Bolsonaro e o Heitor já era presidente."
André Fernandes foi procurado por meio da equipe para falar sobre a questão. Porém, não houve retorno até o fechamento desta edição. Coronel Bezerra visualizou e não respondeu pedido de entrevista.
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Neste domingo Freire liderará carreata em favor do presidente Jair Bolsonaro. Outra parte da direita estará na Praça Portugal. Em pauta, por exemplo, a reforma da Previdência.
CARLOS HOLANDA