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“Não haverá tolerância”, diz Camilo - QR Code Friendly
Quarta, 09 Janeiro 2019 05:19

“Não haverá tolerância”, diz Camilo

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O governador Camilo Santana publicou, ontem (8), mensagem em sua página do Facebook prestando contas à população sobre as ações do Governo do Estado contra os ataques de grupos criminosos, que têm atingido municípios cearenses desde a última semana. O texto breve é encerrado com o líder do Executivo estadual assegurando que manterá o rigor contra as facções: “Não haverá tolerância com o crime.”   Ele destacou que as forças policiais estão atuando de modo reforçado no Estado, contando com a contribuição de agentes de fora. “Estamos reforçando ainda mais o policiamento na capital e no interior, com o apoio de tropas federais e estados parceiros”, pontua ele, ressaltando que já determinou à cúpula de segurança que empregue todos os esforços necessários para realizar o enfrentamento.   Desde o último sábado (5), 330 profissionais da Força Nacional de Segurança atuam no Ceará, enviados pelo Governo Federal para auxiliar no combate às organizações criminosas, após o início da onda de ataques. Também no último fim de semana, o Governo do Estado da Bahia enviou 100 policiais militares para o Ceará, de modo a também contribuir com as forças de enfrentamento. Além disso, segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), outros 43 policiais militares e agentes de inteligência do Piauí, Pernambuco e Santa Catarina.   Além dos reforços na segurança atuando nas ruas, Camilo falou, ainda, sobre a quantidade de presos ligados aos ataques (que até o começo da tarde de ontem somava 168 prisões), e o direcionamento deles dentro do sistema prisional. “Lideranças criminosas estão sendo identificadas e as transferências para presídios federais estão em curso”, disse. Já foram registrados, desde a última quinta-feira (3), pelo menos 150 ataques a prédios públicos, estabelecimentos comerciais, ônibus e outros veículos em Fortaleza e no interior do Estado.   Pouco após o início dos atentados, Camilo havia pedido ajuda ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, na figura do ministro Sérgio Moro, que atendeu o pedido imediatamente. Conforme informações que circulam nos bastidores, o governador comanda todas as ações adotadas nesse embate desde então, conversando com Moro todos os dias e repassando para ele relatos sobre o ocorrido no Estado.   Oposição Em meio a isso, outro nome que veio a público, ontem, nas redes sociais, para falar à população sobre o assunto foi o deputado estadual Capitão Wagner, líder da oposição na Assembleia Legislativa. Apesar de se opor ao governador, ele saiu em defesa das ações tomadas por Camilo para tentar reverter a situação no Estado.   A mensagem publicada na internet explica que, mesmo estando de acordo sobre as soluções adotadas, isso não significa que deixará a posição contrária ao governo. “Conversar com um adversário político não faz de mim menos opositor dele. Liguei sim para o governador Camilo Santana para relatar problemas, apoiar o que considero acertos e elogiar a escolha de Mauro Albuquerque para secretário da Administração Penitenciária.”   O parlamentar avalia que a gravidade do problema exige que haja um entendimento entre as forças políticas do Estado, de modo que a situação seja revertida. “Em momento nenhum deixei de apontar que há problemas na gestão. Mas a gravidade do momento pede união. O bem-estar e a segurança da população devem estar acima de qualquer disputa política”, defendeu ele, que integrará a bancada cearense da Câmara dos Deputados, em Brasília, a partir do próximo mês. “Tiveram erros, mas não está na hora de fazermos oposição e tripudiarmos em cima desses erros. Está na hora de nos unirmos”, diz ele, encerrando a mensagem.   Wagner, que apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência da República, já adiantou que atuará de modo a contribuir para os projetos do Governo Federal e facilitar a governabilidade do presidente. Apesar disso, também já assegurou que está disposto a trabalhar em conjunto com Camilo no Congresso Nacional, articulando uma via de diálogo entre Brasília e o Governo do Ceará.   Parlamentares Além de Wagner, outros parlamentares já haviam se manifestado na internet, pouco após o início dos ataques. A deputada federal Luizianne Lins (PT) publicou, no último domingo (5), texto falando sobre o assunto, destacando possíveis causas que levaram à situação atual no Estado. “Nossa preocupação mais forte ainda é sobre o desmonte de políticas sociais, principalmente federais, que provocam facilidades para o recrutamento de jovens pelo crime organizado”, diz ela. “Declaramos nossa profunda solidariedade às pessoas prejudicadas e torcemos para que o Governador consiga, mais uma vez, contornar a crise. A busca pela paz, combinada com a luta pela dignidade, deve ser sempre objetivo de todos(as)”, pontuou, ainda, a deputada.   Já o senador eleito Eduardo Girão (Pros) se comprometeu a cobrar ações do novo governo brasileiro para apoiar o enfrentamento às facções no Ceará. “Cobrarei do Governo Federal todo o apoio necessário ao Estado do Ceará no combate ao crime organizado, o verdadeiro responsável pelos atos terroristas que estão afetando a segurança e tranquilidade do nosso povo”, escreveu ele em sua conta no Facebook.   Ele considera, ainda, que as ações do Governo do Estado têm sido apropriadas para enfrentar o problema. “As autoridades do Governo Federal e do Estado do Ceará têm se mostrado firmes e alinhadas com as ações tomadas. Isso é muito bom. Torço para que o Governo do Estado dê todo o apoio e não faça interferências no trabalho do novo secretário de Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque”, conta, referindo-se ao titular da nova secretaria de governo destinada a lidar especificamente com as prisões cearenses, criada recentemente pelo governador.   Girão destaca a atuação anterior de Luís Mauro no Rio Grande do Norte, onde também liderou uma secretaria, no Governo do Estado. “Espero também que se aproveite o momento para se instalar definitivamente os bloqueadores de celulares nos presídios, pois todos sabem que, na maioria das vezes, é de lá que se partem as ordens para esses atentados”, comentou. Já o vereador e deputado federal eleito Célio Studart, no último sábado (4), havia publicado texto em rede social reiterando a necessidade dos reforços das Forças Armadas e pedindo mais investimentos na área da segurança, para além do episódio atual. “É preciso investimento em segurança pública, especialmente em investigação policial. Somos a favor de melhores condições para nossa Polícia Civil e contratação de mais policiais civis”, diz ele.   Ele garantiu, ainda, que, quando assumir como deputado federal, cobrará mais ações de Sérgio Moro para combater a criminalidade no Estado. “Lembrando que o Ceará, por sua relativa proximidade com a Europa, merece uma atenção especial do Governo Federal, pois é um potencial ponto de interesse das organizações criminosas.”   Fernanda Pessoa quer convocação de deputados   A deputada estadual Fernanda Pessoa (PSDB) enviou um ofício ao presidente da Assembleia Legislativa, Zezinho Albuquerque (PDT), pedindo que convoque os deputados da Casa para voltar ao Plenário, de modo a acompanhar as movimentações relativas aos ataques das facções criminosas no Estado. Segundo ela, que já enviou a solicitação ao presidente, ainda não houve resposta sobre o ofício.   “Estamos passando por momentos difíceis, a população está apavorada, as pessoas nos procuram e dizem ‘deputada, faça alguma coisa’, então achei que fosse o momento oportuno para pedir a convocação dos deputados, para que realmente possamos ajudar nessa situação crítica, que é a segurança”, disse ela à reportagem.   A deputada explica que, de acordo com o regimento interno, algumas situações permitem que seja feita a convocação dos parlamentares durante o período do recesso. Um desses casos foi a posse do governador, conforme ocorrido na última semana, quando os deputados compareceram à Assembleia, e outro sendo quando constata-se momento de emergência no Estado. Ela conta que a justificativa do pedido se baseia nesse último cenário, levando em conta o risco que a população fica exposta com os recentes ataques.   A Assembleia Legislativa, até o final deste mês, funciona com uma Comissão de Recesso, formada por nove deputados, atendendo ao critério da proporcionalidade partidária na Casa. A intenção de Fernanda Pessoa, no entanto, é fazer com que os 46 parlamentares que atuam na AL voltem às atividades antes do retorno oficial, no início de fevereiro.
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