Camilo Santana (PT) queria manter Izolda Cela (PDT) como vice, e isso a coluna já havia dito. A questão é se ele teria condição para isso. Havia outros interessados na vaga. Qualquer escolha que não fosse Izolda criaria problema não para agora, mas para o futuro. O que está em questão, pasmem, é a sucessão estadual de 2022.
É cedo? Claro que é. Nada seria decidido agora? De jeito nenhum. Mas, as peças se movem desde já. Roberto Cláudio (PDT) é o nome natural do grupo Ferreira Gomes para a eleição seguinte a esta. Deixará a Prefeitura dois anos antes, assim como Cid Gomes (PDT) deixou Sobral, antes de virar governador. Se seguir os caminhos do guru, irá até para temporada nos Estados Unidos.
Ocorre que Mauro Filho (PDT) despontava como nome para vice. Zezinho Albuquerque, presidente da Assembleia Legislativa, havia sido cogitado lá atrás. Qualquer deles que entrasse na vaga de vice para os últimos quatro anos de mandato entraria na fila para sucessão. Inclusive, com perspectiva de assumir o governo se o titular decidir renunciar nos últimos oito meses para concorrer a algum outro cargo.
Claro que tudo isso tem uma premissa: Camilo precisa antes se reeleger. Mas esses arranjos são feitos e calculados desde já. Quando Roberto Cláudio foi questionado sobre tais intenções, não escondeu a irritação, conforme apontou o jornalista Wagner Mendes, no Blog Política (blog.opovo.com.br/politica).
Isso não significa que Izolda não possa ser candidata a governadora em 2022. Em 2014, ela já era colocada entre os cotados. O Ceará nunca foi administrado por uma mulher. E ela sem dúvida tem qualificações para tal. Falta, sim, o respaldo político.
Mulheres são 4 dos 5 vices e zero dos candidatos a governador
A confirmação de Izolda Cela como vice de Camilo foi antecipada ontem no blog do jornalista Eliomar de Lima (blog.opovo.com.br/blogdoeliomar). No Blog Política, Carlos Holanda trouxe em primeira mão a informação de que Emília Pessoa (PSDB) havia sido definida como nome para vice do general Guilherme Theophilo.
Com elas, quatro das cinco candidaturas ao Governo do Ceará têm mulheres na vice. Entram na conta Raquel Lima (PCB), vice de Ailton Lopes (PCB), e Ninon Tauchmann, companheira de chapa de Hélio Góis (PSL).
A exceção é Francisco Gonzaga (PSTU), que tem na vice Reginaldo Araújo.
Como deu para perceber, como cabeça de chapa para o Governo do Ceará, as mulheres são: zero.
Elas representam mais da metade dos eleitores. Os candidatos viram como são importantes para atrair votos, como coadjuvantes. Não parecem julgá-las boas o bastante para comandarem as chapas. Uma sequer.
Fogo no teto da Assembleia, que encerrou sessão Wagner Mendes
1º dia do retorno da Assembleia deu amostra do que será a campanha
A Assembleia Legislativa voltou ontem aos trabalhos com rápida mostra do que será a campanha eleitoral. Rápida porque princípio de incêndio no plenário suspendeu a sessão, que não voltou mais.
A oposição dedicou-se a bater duro na área da segurança pública, com ataques contundentes contra o governador e o secretário André Costa. A base governista calada estava e calada ficou. A manifestação governista que houve foi de Fernando Hugo (PP), primeiro a discursar e que falou de reforma da Previdência - tema importante da eleição nacional. Evitou, portanto, a seara local.
Depois, veio a pancadaria. De várias frentes de oposição: Ely Aguiar (DC), que apoia o bolsonarista Hélio Góis (PSL), Roberto Mesquita (Pros), que está com o general Guilherme Theophilo, e Heitor Férrer, cujo atual partido, o SD, está na base de Camilo, mas que segue oposição ao governador.
Quando Anderson Palácio (PPS) falava, o fogo interrompeu a sessão. Mas o tempo foi suficiente para perceber uma oposição afinada, independentemente do candidato, para bater em Camilo. No alvo previsível da segurança.