A decisão do "Centrão" nacional de apoiar o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, não deve trazer consequências para a disputa estadual no Ceará. Todos os partidos que, nacionalmente, fazem parte do grupo estão alinhados à base aliada do governador Camilo Santana (PT). Os dirigentes das legendas aguardam posicionamento das direções nacionais para tomarem uma decisão, mas garantem que já havia acordo prévio de não interferência nas disputas estaduais, o que deve ser mantido.   Enquanto havia diálogo entre o "Centrão" e o agora candidato do PDT, Ciro Gomes, dirigentes estaduais estavam tranquilos, inclusive disseram ao Diário do Nordeste que participaram de algumas conversas com as lideranças nacionais. No entanto, um dia antes da convenção pedetista que homologou a candidatura de Ciro, na última sexta-feira (20), Geraldo Alckmin conseguiu atrair os apoios de PR, PP, PHS, PRB, DEM e SD, garantindo, desta forma, uma considerável fatia do tempo de propaganda em rádio e televisão durante a campanha eleitoral.   Na quinta-feira (19), ainda em meio às discussões entre Alckmin e o "Centrão", o pré-candidato do PSDB ao Governo do Estado, general Guilherme Theophilo, esteve reunido com o pré-candidato tucano a presidente da República. O presidente do PSDB no Ceará, Francini Guedes, inclusive, informou que o presidenciável pode fazer visita ao Estado em agosto.   Até o momento, o PSDB cearense só atraiu para seu arco de aliança o PROS, do deputado estadual Capitão Wagner. No entanto, há diálogo com outras legendas menores. Com a adesão do "Centrão" à candidatura tucana ao Palácio do Planalto, membros do PSDB local podem até pensar em aumentar o número de adeptos à chapa no Ceará. No entanto, dirigentes do "Centrão" cearense acreditam que não haverá mudança na composição com o petista Camilo Santana.   De acordo com o secretário-geral do Progressistas no Estado, Paulo Henrique Lustosa, ainda não há nenhuma definição da executiva nacional do partido com relação ao comportamento nos estados. No entanto, ele ressaltou que havia acordo de não interferência nas composições locais, independentemente da definição em âmbito nacional.   Sem vinculações   Em junho, Lustosa disse que o partido no Ceará expôs ao presidente nacional da legenda, Ciro Nogueira, que a sigla compõe a base de Camilo e tem compromisso com a candidatura do ex-governador Cid Gomes ao Senado. Na ocasião, segundo relatou, Nogueira deixou claro que, ainda que o partido viesse a apoiar qualquer outra postulação no plano federal, a decisão não traria vinculações obrigatórias para os estados. No próximo dia 2 de agosto, será realizada a convenção nacional do Progressistas e, lá, a direção do Ceará defenderá a lógica de respeito às particularidades nos estados. "Queremos que eles deixem a critério dos diretórios estaduais os apoios a serem dados".   Vice-presidente nacional do DEM, o vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan, esteve em Brasília, na sexta-feira, para acompanhar o lançamento o da candidatura de Ciro Gomes. O presidente estadual da legenda, Chiquinho Feitosa, teve agenda na Região do Cariri.   De acordo com o líder do partido na Assembleia, deputado João Jaime, cada Estado deve respeitar suas peculiaridades. Segundo ele, mesmo antes da possibilidade de apoio ao PDT, essa já era a posição do DEM. "Vamos conversar com a executiva nacional, mas esperamos que fique como está", disse. Antes do DEM fechar com Geraldo Alckmin, Chiquinho Feitosa havia dialogado com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre os passos da legenda, mas não foi fechada questão sobre como a agremiação iria se posicionar nos estados.   Presidente do PR, a deputada federal Gorete Pereira é uma das lideranças mais entusiasmadas com a aliança entre a sigla e o governador Camilo Santana. Ela, em parceria com o senador Eunício Oliveira (MDB), conseguiu atrair a legenda para a base governista no Ceará. O partido acredita que será liberado para apoiar candidatura de Camilo. "Fui para o PR conduzida pelo Camilo, ele escolheu o PR para mim. Eu acordei com o presidente nacional e acordo é acordo", disse, por sua vez, a deputada Silvana Oliveira, líder da sigla no Legislativo estadual.   Aliados recentes   Nacionalmente, o PHS também fechou com Geraldo Alckmin, ainda que apoie Camilo no Ceará. "Até o momento, a única conversa que tivemos foi com o Camilo. Em nenhum momento fomos convidados para conversar com o PSDB. A indefinição é geral, porque hoje é uma situação e amanhã muda tudo", argumentou Márcio Aurélio, presidente da legenda no Estado.   O PSD também fechou com Alckmin, mas, de acordo com o presidente estadual do partido, deputado federal Domingos Neto, o grêmio no Ceará segue livre para apoiar Camilo. "Isso eu já tinha ajustado com a executiva nacional. A possibilidade de mudança desse posicionamento é zero", afirmou.   O Solidariedade (SD), segundo o presidente do partido no Ceará, deputado federal Genecias Noronha, continuará defendendo a candidatura de Ciro Gomes e a reeleição do governador. De acordo com ele, o presidente nacional do partido, Paulinho da Força, se alinhou ao PSDB com receio de ficar "isolado".