Presidente do PHS no Ceará, o deputado estadual Tin Gomes teme que a proposta de Reforma Política em debate inviabilize as pequenas siglas
( Helene Santos )
Para evitar o desaparecimento total na vida pública, com uma possível aprovação de Reforma Política, partidos nanicos miram em parlamentares insatisfeitos em legendas envolvidas em denúncias de corrupção. De acordo com presidentes de algumas siglas, os maiores conglomerados políticos do País, como PMDB, PSDB, PT e PP, têm sido os mais citados na Operação Lava-Jato, o que pode refletir na diminuição dessas agremiações e no crescimentos de outras.
Dirigentes de legendas pequenas, no Ceará, acreditam que poderão atrair políticos que queiram evitar ligação de suas posturas com agremiações envolvidas em esquemas de corrupção. Para eles, isso pode garantir um provável percentual mínimo de participação no Congresso Nacional, dando fôlego para que permaneçam existindo.
Para o presidente do PPL, André Ramos, dependendo do desenrolar da Reforma Política, há possibilidade de crescimento dos pequenos partidos com a adesão de novos quadros. No entanto, ele demonstra preocupação com provável "conchavo" dos grandes partidos para que seus agentes sobrevivam.
"Há uma tentativa explícita de barrar as investigações da Lava-Jato, mas acredito que vamos caminhar para um processo de mudança geral, e os partidos menores e aqueles que não se envolveram nessa situação vão ter um caminho melhor, mas vai depender das condições políticas", acredita o dirigente.
Presidente do PSOL no Ceará, Cecília Feitoza afirma que o partido pensa nessa possibilidade também, mas seria necessário saber quem são as pessoas interessadas em ingressar na sigla. "A gente não quer atrair qualquer um. Queremos pessoas que estejam pensando com a gente, nas lutas pelas eleições diretas. Se estiver na luta contra as reformas trabalhista e previdenciária, é possível, sim, dialogar".
Segundo ela, é importante que os partidos procurem perfis, em um processo de fortalecimento, para ultrapassar a cláusula de barreira. Para isso, o PSOL está em diálogo com os movimentos sociais, que nos últimos anos se aproximaram mais da sigla.
Incerteza
O presidente do Podemos (PODE) no Ceará, Toinho do Chapéu, diz que ainda não sabe como ficarão os grandes partidos após denúncias de envolvimento de seus integrantes em casos de corrupção. No entanto, ele acredita que membros dessas legendas tenderão a sair de seus quadros e ingressar em outras siglas, o que poderá fortalecer o protagonismo dos nanicos.
"As seis maiores siglas do Congresso estão todas envolvidas dentro desse processo de corrupção. Os partidos pequenos, com isso, poderão atrair nomes das grandes siglas e, dessa forma, se tornar siglas médias, atingindo o quociente necessário", destaca o dirigente. O Podemos já atraiu para si o senador Álvaro Dias, que se coloca como presidenciável, em um processo de eleição direta, em 2018.
Samuel Braga (PEN) já dá como certa a atração de nomes da política local e nacional. "O sentimento da população é de mudança e, com certeza, neste momento, é natural que procurem partidos que não tenham envolvimento com corrupção, que estejam limpos e com propostas".
Para o presidente do PHS, deputado Tin Gomes, no entanto, o que se propõe como Reforma pode, inclusive, inviabilizar as pequenas siglas do País. Ele defende a redução do número de partidos no Brasil e o fortalecimento das agremiações por meio das chamadas federações.
Ely Aguiar, presidente do PSDC, sustenta que, com uma Reforma Política consciente, haverá benefícios para todos os partidos, desde que se faça assepsia nas siglas que estão no poder.