O deputado estadual Roberto Mesquita (PSD) teceu críticas, ontem, na Assembleia Legislativa, a programas executados pelo Governo do Estado que, em sua visão, precisam ser atualizados ou ter a essência alterada. O parlamentar relatou na tribuna que, na quarta-feira, participou de reunião na Comissão de Orçamento e uma discussão específica lhe chamou atenção. Segundo ele, enquanto eram votados recursos destinados ao Projeto Paulo Freire, o que se viu foi "um verdadeiro disparate".
"São US$ 80 milhões para serem empregados em 31 municípios. Isso dá uma quantia superior a R$ 250 milhões, onde o Estado entra com US$ 40 milhões e o Fida, um organismo internacional de fomento à agricultura, entra com o restante", discursou. Ainda ontem, o Parlamento aprovou a transferência de mais de R$ 5,8 milhões no âmbito do Projeto Paulo Freire.
"Ocorre que parte do recurso está sendo destinada a assessoria técnica das pequenas comunidades. Foram escolhidos os municípios com o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) para se promover o conhecimento, dar assessoria técnica às localidades", apontou Mesquita. "Temos no Estado organismos com história, órgãos com técnicos competentes que os seguidos governos esvaziam, como é o caso da Ematerce, criada para fomentar técnicas agrícolas, levar a extensão rural aos municípios e o que esses governos fazem é matar o órgão quando não lhe dão recursos".
Defesa
O deputado Manoel Santana (PT), correligionário do governador Camilo Santana, defendeu o programa e justificou que o Projeto Paulo Freire beneficia cidades com baixo IDH no Ceará. "Os recursos para serem garantidos a esse projeto contaram com trabalho efetivo dos senadores Inácio Arruda, Pimentel e Eunício Oliveira, porque eles tinham dimensão do impacto desse valor aplicado numa pequena cidade do Interior, onde muitas vezes a pessoa não tem ocupação porque não tem conhecimento".
Por outro lado, o petista sustentou que deve haver eficiência na aplicação dos recursos. Ele ainda explicou que os trabalhos devem ocorrer em cooperação com prefeituras que passam por enorme dificuldade financeira.