Às vésperas da eleição que definirá próxima Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, o candidato Sérgio Aguiar (PDT) subiu o tom ontem contra seu adversário na disputa, o atual presidente Zezinho Albuquerque (PDT). Em disputa marcada para amanhã e que deve ser decidida voto a voto, Aguiar criticou condução de Zezinho do processo sucessório e cobrou “protagonismo” da Casa.
“O presidente Albuquerque conduziu errado o processo sucessório. Todo esse problema está se dando pela inabilidade dele. Se ele tivesse sido mais presente na Casa, tivesse discutido mais, feito um diálogo mais franco com deputados, inclusive comigo, não teríamos chegado a isso”, diz Sérgio Aguiar, que descarta retirar candidatura em acordo.
Atualmente, tanto ele quanto Zezinho contam com cerca de 20 votos. Sérgio concorre com adesão de bloco do PSD/PMB e da oposição. Com apoio do governador Camilo Santana (PT) e dos ex-governadores Cid e Ciro Gomes (PDT), o atual presidente da Assembleia tenta manter imagem de “candidato do governo”. Apesar disso, ambos são aliados do governador.
Sem críticas programáticas à gestão de Zezinho, Sérgio Aguiar diz que sua maior motivação é que, caso reeleito, o atual presidente iria para o 3º mandato. “Isso seria inédito, a Casa pede oxigenação. Até porque o presidente tem sido ausente, nós temos visto até sessões caindo por falta de quórum. Quero ser eleito para voltar o protagonismo, estar presente em todas as sessões”.
Em entrevista ao O POVO, Zezinho Albuquerque rebate: “Muito pelo contrário, a Assembleia está ativa demais. Nunca esteve tão presente, discutimos hoje todos os assuntos e estamos em todos os grandes projetos, basta olhar”.
Ele questiona ainda acusação de que estaria ausente da Casa. “Claro que o presidente se desliga um pouco do dia a dia, até porque ele representa um Poder. Tem uma agenda puxada, externa, que muitas vezes não deixa ele ficar a manhã inteira no plenário”.
Votação acirrada
Na sessão de ontem, o assunto foi pauta de diversos pronunciamentos da oposição na Casa. “Não podemos ter candidatura imposta, com carimbo de cacique”, disse Dra. Silvana (PMDB), em referência a Zezinho. Sérgio Aguiar corroborou, criticando “falta de diálogo” do presidente, que não estava presente na Casa.
Candidatura de Sérgio é “aditivada” sobretudo por bloco liderado pelo deputado federal Domingos Neto (PSD), que possui 11 deputados do PSD e PMB. De olho na possibilidade de impor derrota à Camilo, bloco de oposição do PMDB, PR e PSDB também aderiu a Aguiar. Na última segunda, contudo, Zezinho reuniu 20 deputados, Camilo, Cid e Ciro em ato em sua defesa.
“Não julgo ele sair candidato, todos têm o direito. Agora, acho que não é bom para a base. Ele deveria ter arrumado primeiro a própria casa, falado com os deputados do partido dele”, diz Zezinho, que diz ter apoio de todos os 11 deputados do PDT com exceção de Sérgio.
O adversário, no entanto, contesta: “Existem deputados do PDT que querem votar em mim, mas acabaram tendo que ficar do lado dele por conta da questão ter sido fechada de cima”, disse.
Saiba mais
Alguns fatores externos ainda podem influir na disputa da AL. Entre eles, está a saída de Alexandre Landim da Casa Civil, que abriria vaga no governo do Estado.
Sérgio Aguiar disse ter recebido proposta de ser secretário da área, assim como na Saúde e no Turismo. “Eu agradeço, mas estou preparado é para ser presidente da AL”.
Disputa pelo TCM afeta também o pleito. Atualmente, o pai de Sérgio, Chico Aguiar, preside a Corte. Apesar de ser o mais recente conselheiro do TCM, o ex-deputado Domingos Filho é candidato na Corte.
Por isso, apoio de Chico pode ter sido fundamental na conquista de apoio do PSD/PMB, siglas sob influência de Domingos Filho. Todos negam.