Zezinho tenta 3º mandato consecutivo no comando da Assembleia
Mal encerrado o processo eleitoral deste ano, políticos cearenses já voltaram os olhos para a próxima disputa pelo poder. Marcada para 1º de dezembro, eleição para a presidência da Assembleia Legislativa é polarizada hoje entre dois candidatos da base aliada, com o atual presidente, Zezinho Albuquerque (PDT), e o atual 1º secretário da Casa, Sérgio Aguiar (PDT), na disputa.
FOTO: MÁXIMO MOURA/AL
Atual 1º secretário, Sérgio Aguiar quer chegar ao comando da Casa
Correndo por fora, Aguiar aposta no fato de que, caso reeleito, Zezinho iria para o 3º mandato consecutivo no comando da Casa, algo inédito. “Nunca aconteceu isso. Seria uma quebra de regras e costumes, apesar de legal”, diz. Na sexta-feira passada, ele apresentou sua entrada formal na disputa. “Conversei com Camilo Santana e Cid Gomes, que me deram carta-branca”.
Deputados ouvidos pelo O POVO, no entanto, dizem ser “pouco provável” que o atual presidente não vença com folga a disputa. Segundo Fernando Hugo (PP), Zezinho tem hoje mais de 30 assinaturas de apoio, entre elas as de todos os 11 demais deputados do PDT – com exceção de Aguiar.
Existe, no entanto, receio velado de que a situação crie rusgas na base aliada de Camilo Santana (PT). “Não é interessante para ninguém uma disputa dentro da própria base, então estamos dialogando para que se chegue a algum termo”, diz o líder do governo na Assembleia, Evandro Leitão (PDT).
Um dos organizadores da lista pró-Zezinho, Fernando Hugo destaca: “Acredito que o Sérgio chegará à conclusão racional e lógica de que o Zezinho tem a maioria, e deixe a disputa”.
Câmara na roda
Nos bastidores, entrada de Sérgio Aguiar na eleição é explicada por novo elemento na disputa. Nas últimas semanas, Sarto Nogueira (PDT) tem articulado candidatura sua ao atual cargo de Sérgio na Mesa Diretora da Casa, na 1ª secretaria. Alguns deputados apontam, portanto, que a candidatura dele na disputa seria “cena” para garantir acordo que o mantenha na mesma posição.
Já postura de Sarto poderia ser explicada, por outro lado, como tentativa do deputado em criar “moeda da troca” para disputa em outro poder. O irmão de Sarto, Elpídio Nogueira (PDT), é candidato à presidência da Câmara Municipal de Fortaleza. Em 2012, Sarto adotou expediente parecido na Assembleia para tentar fortalecer o irmão na Câmara. Estratégia não deu certo.
Para além dos boatos, o fato é que o governo terá de administrar expectativas crescentes de poder pelos três parlamentares. Caso negociações na Câmara não avancem, parlamentares apontam uma indicação ou de Sérgio ou de Sarto para uma secretaria do governo Camilo como alternativa ao impasse.
Pesa a favor de Aguiar seu maior sucesso na eleição municipal deste ano. Filho do presidente do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Chico Aguiar, o deputado ajudou na eleição de mais de dez prefeitos.
Zezinho Albuquerque, por outro lado, saiu enfraquecido pela derrota de seu filho, Antônio Albuquerque (PP), na disputa eleitoral em Massapê – terra natal do presidente da AL.
Saiba mais
Líder na disputa, Zezinho Albuquerque tem dito que “ainda é cedo” para tratar do assunto na Casa. Nos bastidores, no entanto, o parlamentar tem intensificado agenda de articulações por sua candidatura. Na tarde de ontem, ele passou mais de quatro horas recebendo deputados em seu gabinete.
Nas conversas com deputados, Zezinho tem destacado que abriu mão de disputar o governo do Estado do Ceará em 2014 pela indicação de Camilo Santana, o que tornaria justa sua reeleição.
Sérgio Aguiar, por outro lado, diz que esse acordo dizia respeito apenas a 2014, quando o presidente foi eleito para seu 2º mandato. “O próprio Camilo destacou que não existe nada acordado, que eu poderia entrar na disputa livremente”.
Se dizendo confiante na disputa, Aguiar admite, no entanto, que Zezinho leva vantagem por já ocupar o cargo. “Como ele é o dono da caneta, é verdade evidente que tem um poder sedutor maior. Mas existe aquele ditado: A fila anda”.
Sérgio diz ainda que tem notado crescimento do sentimento de que um 3º mandato consecutivo não seria proveitoso para a Casa. “Três é demais”, pontua.