O nível da campanha eleitoral no segundo turno em Fortaleza vai de mal a pior. A avaliação é de boa parte dos ex-candidatos ao Paço Municipal que foi derrotada na eleição do dia 2 de outubro, quando a maioria dos eleitores decidiu levar para a próxima fase da disputa Roberto Cláudio (PDT) e Capitão Wagner (PR).
Nas últimas duas semanas, a campanha ganhou novo tom após investidas críticas do candidato do PR ao prefeito RC. O embate foi intensificado em inserções de propaganda na televisão, no rádio e nas redes sociais. A consequência foi uma série de decisões judiciais envolvendo direitos de respostas, além de novas acusações de ambos os lados.
É nesse fogo cruzado que o ex-candidato Francisco Gonzaga (PSTU) justifica a tese pessimista do debate que os dois candidatos estão fazendo sobre a Cidade nesse momento eleitoral. Segundo ele, tanto RC quanto Wagner tentam desviar o foco de propostas, pois já sabem que não irão cumprir o prometido.
“Como eles sabem que não vão ter como fazer na prática aquelas propostas, eles acabam entrando num debate de ataque de um ao outro. Uma Fortaleza para os trabalhadores, de projeto de transporte público, de melhora da educação e da saúde, por exemplo, isso não vai ser feito e essa realizada não vai mudar porque o projeto do Wagner e do prefeito é o mesmo”, ressalta.
A opinião é compartilhada pelo vereador e ex-candidato João Alfredo (Psol). Ele diz que houve um empobrecimento, nessas últimas quatro semanas, ainda maior do debate sobre os reais problemas da Cidade.
“Eu acho que o segundo turno conseguiu ser muito pior que o primeiro. Uma desculpa de ataques e defesas sem nenhuma discussão sobre a Cidade. As questões ambientais e urbanísticas foram totalmente esquecidas”, critica.
Em quarto lugar no primeiro turno na Capital, com 90.510 votos, o deputado estadual Heitor Férrer (PSB) não consegue identificar evolução no nível da disputa que vai decidir o próximo prefeito de Fortaleza. “Não vejo nenhuma diferença. Não tem alguma coisa nova. Roberto Cláudio mostra o que ele fez e Wagner ataca as falhas da gestão, o que é natural”, avalia.
Heitor, que decidiu pela neutralidade na eleição do dia 30 de outubro, continua com a mesma avaliação da decisão que tomou. “Nós sabemos que é nesse momento onde as pessoas buscam um ou outro para ter cargos, benesses, e eu nunca procurei isso na minha vida pública, nem sei como se negocia isso”, afirmou.
Um dos poucos candidatos derrotados a apoiar uma das duas candidaturas, o deputado estadual Tin Gomes (PHS), embora crítico de algumas promessas, tem participado e apoiado as atividades de campanha de RC, contribuindo, inclusive, com algumas ações do seu plano de governo.
SAIBA MAIS
Além do deputado estadual Tin Gomes (PHS), apenas o deputado federal Ronaldo Martins (PRB) decidiu apoiar um candidato no segundo turno. No caso dos dois, o atual prefeito Roberto Cláudio (PDT).
Os ex-candidatos à Prefeitura derrotados no primeiro turno, Luizianne Lins (PT) e Ronaldo Martins (PRB), foram procurados pelo O POVO, mas os telefonemas não foram atendidos até o fechamento da edição.
Bem votados no primeiro turno, Heitor Férrer e Luizianne Lins optaram pela neutralidade e não formalizaram apoio a nenhuma das candidaturas na eleição do dia 30 de outubro.