Deputados estaduais com colégio eleitoral em Fortaleza avaliaram as principais propostas dos candidatos a prefeito da cidade, Roberto Cláudio (PDT) e Capitão Wagner (PR), e apontam para a preocupação que os postulantes devem ter quanto ao orçamento do Município. Para parlamentares, há promessas que são inexequíveis, e deveria ser prioridade a manutenção ou aperfeiçoamento de ações que já estão em prática na atual gestão.   De acordo com o deputado Walter Cavalcante (PP), que por anos foi um dos principais responsáveis pela discussão da Lei Orçamentária Anual (LOA) da Capital, quando vereador de Fortaleza, os candidatos a prefeito devem se atentar para o limite do orçamento da cidade ao fazer propostas de campanha.   "Muitas vezes o candidato tem vontade política, mas quando chega na cadeira de prefeito a proposta não é exequível. Eu vi durante o primeiro turno muitas propostas que eram impossíveis de serem realizadas na prática", apontou. O parlamentar lembrou, por exemplo, que há uma queda na arrecadação por conta da crise econômica, e muitas das propostas geram apenas expectativas na população e acabam não cumpridas, o que desgasta a imagem do homem público.   "Quando não há um estudo técnico, o candidato acaba gerando uma expectativa falsa. Eu vi o Roberto Cláudio dizendo que vai dar continuidade ao que já está sendo feito, ou seja, não fará além do que está ao alcance do orçamento", apontou.   Em contrapartida, ele ressaltou que a proposta de Capitão Wagner de dar passagem de graça para estudantes da rede pública de ensino no transporte coletivo, apesar de positiva, pode não ser comportada. Walter citou como ponto contrário possível inflação da passagem. Além dos candidatos, a população também precisa ser conhecedora do orçamento da cidade, segundo defendeu o parlamentar.   Cidade diferenciada   De acordo com Roberto Mesquita (PSD), parte das propostas é factível, mas, para ele, é notório que a cidade de Fortaleza é diferenciada, primeiro por receber o maior Fundo de Participação dos Municípios (FPM), já que é uma cidade pobre, com grande parte do território com falta de saneamento básico. "Algumas propostas podem ser parte executadas, outras não, porque não há orçamento para isso".   O parlamentar opinou, ainda, que os dois candidatos buscam apresentar posições para fazer com que a cidade melhore as condições. Mas, em sua opinião, dar continuidade ao que foi feito por Roberto Cláudio e fazer reparos na diminuição de cargos terceirizados e comissionados poderá trazer ganho na política de Fortaleza. Capitão Wagner já chegou a se comprometer com algumas das ações implementadas pelo atual prefeito e, segundo Mesquita, isso demonstra que foram políticas acertadas.   Época de eleição   Já Silvana Oliveira (PMDB) lamentou que propostas aparecem somente na época das eleições e depois não são realizadas. Segundo ela, há promessas atuais de Roberto Cláudio que se repetem, pois não foram cumpridas nos últimos quatro anos. "Estou vendo muito pouco do que foi cumprido de um mandato para a tentativa de outro. Vejo que existe a necessidade de não termos reeleição", apontou.   Para a peemedebista uma Reforma Política se faz necessária neste ponto, visto que é preciso que o gestor esteja comprometido com aquilo que promete, e não se preocupe apenas em ter um novo mandato. "O Roberto Cláudio deveria ter vergonha, porque eu andei com ele prometendo a mesma quantidade de creches que está prometendo agora. Se a população pensar bem, ela não dá reeleição para majoritário", defendeu.   Ely Aguiar (PSDC), por sua vez, define algumas promessas desta campanha como "mirabolantes". Ele chegou a reclamar de uma proposta, que, segundo disse, quer colocar um guarda municipal armado dentro dos coletivos da cidade. Para o parlamentar, além de uma proposta que geraria perigo para a população, não deveria ser ação do Governo, visto que o ônibus é propriedade privada. "Os candidatos devem apresentar propostas que a população acredite serem executadas", defendeu.