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Apoio de eleitos não garante que há 'transferência' de votos - QR Code Friendly
Segunda, 17 Outubro 2016 04:51

Apoio de eleitos não garante que há 'transferência' de votos

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Apesar de já terem sido eleitos os nomes que ocuparão as 43 cadeiras da Câmara Municipal de Fortaleza a partir de 2017, para alguns dos vereadores da próxima legislatura da Casa, a campanha ainda não acabou. Com capilaridade política em determinados bairros da Capital, comprovada em votações expressivas no último dia 2, parlamentares já eleitos dedicam esforços, a partir de agora, para disseminar as duas candidaturas que disputam a Prefeitura de Fortaleza no segundo turno da eleição municipal. A capacidade de transferência de votos aos apoiados, contudo, é incerta, conforme evidenciam as diferenças de resultados no primeiro turno.   Afinal, nem todos os bairros "dominados" por determinado vereador votaram, majoritariamente, no prefeiturável da coligação ao qual o parlamentar pertence. O Diário do Nordeste fez um levantamento dos logradouros onde os 10 parlamentares eleitos com mais votos conquistaram os maiores números de sufrágios no primeiro domingo do mês e, em muitos casos, a vitória expressiva de um candidato da chapa liderada por Roberto Cláudio (PDT) não significou vitória do pedetista naquele bairro. O mesmo aconteceu em outras regiões da cidade, onde apoiadores de Capitão Wagner (PR) não conseguiram fazer do candidato o mais votado no último dia 2.   Célio Studart (SD), candidato mais votado na Capital, foi eleito com 38.278 votos e, já no dia 4 de outubro, o postulante majoritário de sua coligação, Capitão Wagner, aproveitou o desempenho do recém-eleito e republicou, no Facebook, vídeo que havia gravado com o então candidato. "Peço a todos vocês que confiem, que acreditem e votem no Capitão Wagner, porque o que ele promete, ele cumpre", diz Célio Studart na gravação.   Diferença   Ao comparar os votos recebidos por Célio e Wagner no primeiro turno, contudo, nos três bairros em que o vereador eleito pelo Solidariedade obteve mais sufrágios, o candidato vencedor foi Roberto Cláudio. Célio teve 2.354 votos na Aldeota, 1.692 no Edson Queiroz e 1.292 no Meireles. Nestes três bairros, Roberto Cláudio recebeu 17.041, 14.180 e 10.789 sufrágios, respectivamente. Capitão Wagner ficou atrás nos três, com 4.745, 5.476 e 3.120 votos.   Adail Júnior (PDT), segundo mais votado em Fortaleza, é aliado de Roberto Cláudio e morador do bairro Antônio Bezerra, onde recebeu 5.268 dos seus 15.912 votos. No dia 2, contudo, a votação expressiva não replicou-se ao seu candidato a prefeito. Lá, Roberto Cláudio, com 9.459 sufrágios, foi superado por Wagner, que somou 10.114.   O atual presidente da Câmara Municipal, Salmito Filho (PDT), reeleito com 15.551 votos, também mantém atividades em prol da reeleição do prefeito. No último dia 8, por exemplo, promoveu um "adesivaço" de apoio a Roberto Cláudio na Aldeota, bairro onde recebeu mais votos - 824 no total. A Aldeota deu vitória a Roberto Cláudio.   Quarto vereador mais votado em Fortaleza, com 13.401 votos, Antônio Henrique, também do PDT, teve votação mais expressiva - e igual - no Conjunto Esperança e no Canindezinho, com 2.622 sufrágios em cada um. Roberto Cláudio, apoiado pelo vereador, foi derrotado no primeiro bairro e, no segundo, superou o republicano.   Vantagem   Iraguassú Filho (PDT), com 12.204 sufrágios, foi o quinto mais votado, com mais votos na Lagoa Redonda, onde teve 458 votos, e no bairro Granja Lisboa, com 450. Nos dois locais, o prefeito saiu na frente de Capitão Wagner, obtendo 5.653 votos na Lagoa Redonda, contra 3.755 do adversário; e 7.129 na Granja Lisboa, enquanto o republicano somou 5.961 sufrágios.   Já Renan Colares (PDT), filho do deputado estadual Fernando Hugo, foi eleito com 11.525 votos, a maioria deles - 3.577 - tirada na Messejana, onde o pai tem influência. Foi neste bairro, inclusive, que Roberto Cláudio teve maior votação na Capital, com 17.325 sufrágios no primeiro turno, contra 12.676 de Wagner. Fernando Hugo, em nota à imprensa após a eleição, fez questão de relacionar os dois resultados: "Com minha parceria e do Renan Colares, Messejana outra vez tira o 1º lugar em votos pró RC", destacou no texto.   O sétimo vereador mais votado na Capital, Dr. Elpídio (PDT), por sua vez, apesar de ser ex-secretário de Turismo de Fortaleza na gestão de Roberto Cláudio, não conseguiu impulsionar a vitória do prefeito no seu principal reduto eleitoral, o bairro Vila Velha, conforme apontaram as urnas. No local, Wagner venceu Roberto Cláudio.   A maioria dos votos de Benigno Júnior (PSD), cujo partido compõe a coligação do pedetista, saiu do bairro Vila União, que também deu vitória a Roberto Cláudio. Didi Mangueira (PDT), por sua vez, teve votação mais expressiva no Bom Jardim, outro bairro que deu, em diferença apertada, vitória ao atual gestor municipal no primeiro turno.   Já no caso do décimo vereador eleito com mais votos na Capital, Márcio Cruz (PSD), que foi mais votado no Jardim Iracema, o resultado do primeiro turno deu vantagem a Wagner.   Votação separada   Neste segundo turno, entretanto, ainda que os vereadores tentem, nos bairros onde têm influência política, tirar tais diferenças e angariar apoio para o prefeiturável da respectiva coligação, o cientista político José Roberto Siebra, professor da Universidade Federal do Cariri (Ufca), avalia que a ação dos parlamentares "é importante, mas não decisiva" para a campanha.   Isso porque, segundo ele, a eleição para prefeito, majoritária, fica quase sempre desassociada da disputa proporcional. Prova disso, de acordo com José Roberto Siebra, é que, com exceção do que ocorre com os partidos ideológicos, os votos para prefeito e vereador geralmente não são "casados".   O cientista político pondera, contudo, que tal raciocínio não pode ser generalizado e, em alguns casos, "há transferência de votos, mas não há uma relação entre uma coisa e outra". José Roberto Siebra salienta, ainda, que há vereadores que se comprometem com o projeto de determinado candidato a prefeito já pensando em eventual gestão. "Na medida em que esses candidatos se engajam nos processos, e inclusive há, teoricamente, transferência (de votos), eles vão ter mais poder de barganha junto ao prefeito eleito", analisa.
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