Com a aproximação do dia 2 de outubro, quando serão realizadas as eleições municipais, o assunto tende a pautar discursos de deputados estaduais na Assembleia Legislativa do Ceará. Ontem, quando a Casa retomou as atividades após o recesso, dois parlamentares já levaram o tema para a tribuna do plenário.   O primeiro a se pronunciar sobre o processo eleitoral foi Carlos Felipe (PCdoB). Ele analisou que, nesta quase véspera de eleição municipal, chega a hora de o eleitor ter a oportunidade de melhorar suas escolhas e eleger as pessoas que, de fato, têm contribuído de forma mais efetiva para mudanças. "Temos visto que o poder econômico ainda é muito forte nesse processo, mas isso pode mudar se trabalharmos consciências", declarou.   Segundo Felipe, grupos de estudantes universitários e até de adolescentes, por exemplo, hoje têm as mídias sociais como reforço na hora da escolha. "São ferramentas que possibilitam que cada vez mais que o voto seja consciente, pensando em melhorar o município", relatou o parlamentar, acrescentando: "Fala-se muito do político, mas quem o elege é o eleitor. Por isso precisamos avançar nesse sentido".   Para ele, a reforma eleitoral aprovada no Congresso Nacional, em 2015, ainda foi tímida. "Tirou o financiamento de campanha, o que é uma vantagem. Não tinha sentido uma empresa bancar um candidato e, depois, não se acreditar que aquele candidato não estaria influenciável por ela", ressaltou. Mesmo com as alterações na legislação, contudo, Carlos Felipe considerou que instrumentos como o Caixa 2 ainda ameaçam o pleito.   "O aparelhamento do Estado não tem a capacidade de coibir a compra de voto. Precisamos criar meios que acabem com essa prática, mas a população também pode fazer a sua parte e denunciar. Só assim haverá uma verdadeira transformação".   Felipe questionou os mecanismos de controle sobre a compra de votos e também disse ver, com preocupação, o "atropelo" de grandes partidos sobre os pequenos. "Temos várias pessoas que são candidatas por partidos que têm menos de 12 deputados federais e, portanto, não terão acesso aos debates. Acho que tira a oportunidade de a pessoa levar o seu recado a população".   Ficha 'suja'   O outro que manifestou preocupação com o processo eleitoral foi Bruno Pedrosa (PP). O deputado estadual afirmou que, andando pelo Interior do Estado neste período pré-eleitoral, tem ficado pasmo com fatos que presenciou. Ele alertou o Ministério Público e a própria sociedade que, em diversos municípios cearenses, a Lei da Ficha Limpa não está sendo respeitada. "Hoje, vemos ex-gestores com grandes problemas jurídicos, condenados por colegiado e até mesmo alguns que chegaram a ser presos, infelizmente, se colocando como candidatos a prefeito".   Bruno Pedrosa, portanto, chamou a atenção da população para que os eleitores possam fiscalizar os candidatos com passado "sujo" que estão se colocando como pré-candidatos neste ano. "Que a população possa fazer seu julgamento nas urnas, para os casos daqueles que sejam realmente candidatos. Mas apelo ao Ministério Público e à sociedade civil organizada para que tomem atitude e informem aos cartórios eleitorais, ao TCM e TRE, para que esses candidatos sejam enquadrados na ficha suja".