Manifestações de rua em várias cidades do País, como as que ocorreram em junho de 2013, evidenciaram descrença da população com políticos
( Foto: José Leomar )
Desde as "Jornadas de Junho" de 2013, a população tem acompanhado mais de perto o cotidiano de homens públicos brasileiros e, desde então, a popularidade dos políticos, que já não era tão boa, é questionada a cada ano que passa. Pré-candidatos a cargos majoritários no pleito deste ano reconhecem que há uma "total descrença" do eleitor nos representantes e apontam o fortalecimento dos partidos, bem como uma maior interação da população, como medidas para mudar tal realidade.
"Eu me sinto o próprio eleitor, pois me sinto completamente descrente dos homens públicos que estão em Brasília. Mas nem por isso deixo de acompanhar a política, de participar dela e votar", disse o deputado estadual Heitor Férrer (PSB). Segundo ele, o eleitor é o "patrão" e tem o poder de depositar o voto de forma consciente nos postulantes a cargos eletivos. Aos políticos, diz, cabe uma atuação correta.
"Os políticos não devem prometer aquilo que não poderão fazer. O candidato, durante as eleições, tem que ter a consciência daquilo que pode e não pode fazer, para não frustrar o cidadão", disse o parlamentar, pré-candidato a prefeito da Capital.
Já o deputado estadual Wagner Sousa (PR), que é palestrante, tem apresentado, durante suas aulas, uma preocupação para que o público desconstrua a ideia de que todo político é corrupto. "Tenho tentado mostrar isso à população, porque em todo setor existem atos de corrupção e pessoas envolvidas com coisas erradas. A gente espera tentar descaracterizar a regra de que todo político quer estar lá para resolver suas demandas".
Segundo ele, há algum tempo, a população apresenta aversão a partidos políticos devido ao envolvimento da maioria das legendas em escândalos de corrupção. O eleitor, conforme avaliou, tem se identificado com o perfil do candidato e não com a agremiação. "É o candidato quem se aproxima do eleitor, ele tem essa vantagem, tanto que a gente conseguiu votações expressivas e vários outros políticos, mesmo mudando de partido, mantêm o nível de votações. O partido sempre aparece em segundo plano na decisão".
Outros municípios
Zé Ailton Brasil (PP) lamentou o distanciamento da população das decisões políticas. Pré-candidato a prefeito do Crato, ele afirmou que pesquisa recente feita no município constatou que 65% do eleitorado está alheio ao processo político da cidade.
"Vejo que a confiança está muito mais nos nomes do que nos partidos. O partido é que deveria ser forte, porque isso fortalece a democracia. Mas a população pensa apenas no candidato, e isso torna o processo mais difícil, pois o postulante tem que trabalhar cada vez mais", disse.
Para Brasil, por vezes falta ética na política. Por isso, defende a apresentação de plano de governo que seja, de fato, possível de ser cumprido. "Nós estamos buscando conversar com a população para discutir a elaboração de um plano de governo que venha atender aos anseios de todos".
Pré-candidato em Caucaia, Naumi Amorim (PMB) ressaltou que o político precisa falar a verdade e reduzir as quantidades de promessas feitas para a população para não correr o risco de ser cobrado por algo que não poderá oferecer mais tarde. "A maioria do eleitorado está revoltada com a política e, no pouco tempo que estou nesse meio, não tenho gostado de prometer. Percebo que há uma revolta por parte da população e um desgaste grande da política. Como pré-candidato, não quero trabalhar com mentiras", opinou.