Às vésperas da votação do impeachment na Câmara Federal, o assunto voltou a ser destaque nas discussões da Assembleia Legislativa. Se em Brasília a presidente Dilma Rousseff adotou a estratégia do corpo a corpo para conquistar o apoio, principalmente dos indecisos, no Ceará deputados do PT partiram para o ataque ao processo "ilegal", como classifica a bancada petista.
Rachel Marques afirmou que a "inconstitucionalidade" do impeachment se torna cada vez mais clara, atraindo o apoio de juristas renomados, como o maranhense Márlon Reis, juiz idealizador da Lei da Ficha Limpa.
Rachel Marques aproveitou o tempo de discurso para convidar "aqueles que defendem a democracia" a se fazerem presentes na virada cultural que será realizada amanhã, às 20h, na Avenida da Universidade, em Fortaleza. "A luta, hoje, é para que se respeite a vontade da maioria da população nas urnas. É isso o que está em jogo, porque a alternância de poder só poderia acontecer nas urnas e qualquer outra coisa diferente disso só podemos chamar de golpe", declarou.
O deputado Moisés Braz também classificou o processo de inconstitucional. "Se não houve crime, não há razão para tirar do cargo a presidente de um país. Por isso, as pessoas precisam se unir e ir para as ruas evitar que esse erro aconteça", disse. "Ela (Dilma) vai continuar no governo para melhorar a vida dos mais necessitados. O golpe não vai vingar", opinou.
O discurso mais incisivo foi de Elmano Freitas. "O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, escolheu o sistema de votação que vai proporcionar à presidente Dilma a vitória da mesma maneira como aconteceu na eleição de 2014. Podemos até começar perdendo no início, mas ao final a Região Nordeste vai nos dar a certeza de que o povo está do nosso lado", destacou.
Elmano assegurou que a oposição blefa quando diz que cresce o número de deputados a favor do prosseguimento do impeachment e disse que o governo já teria como certos, pelo menos, 190 votos. "Esse número poderá chegar a 205 e, no plenário da Câmara Federal, vamos derrotar aqueles que querem viabilizar um golpe no País e chegar ao poder sem votos", destacou.
Juristas
A bancada petista recebeu o reforço de Manuel Santana após a licença da deputada Mirian Sobreira para tratar de assuntos pessoais. Ao participar do debate, Santana afirmou que o fato de o governo ter vários juristas a seu favor, explicando que não há motivo para afastar a presidente, não deixa dúvida de que o processo é ilegal. "A intenção é criar uma agenda neoliberal em nosso país, tirando benefícios sociais existentes", apontou. "Os brasileiros que se posicionam pela democracia devem ir às ruas para conter a ameaça de golpe que está explícita no Brasil".
Da ala dos críticos ao governo, Silvana Oliveira (PMDB) chegou a apontar que deputados aliados à base d+o Governo Federal pareciam estar de "brincadeira", usando de "mentiras para "enganar" a população. "Vejo os pronunciamentos como uma atitude de desespero para salvar esse desgoverno responsável pela crise que nosso país está passando", afirmou.
A decisão do PMDB de se afastar do governo Dilma foi elogiada pelo líder do partido na Assembleia, Audic Mota. "O que vimos foi o PMDB tratar dessa questão como sendo algo muito maior do que poderia ser qualquer partido. A falta de pulso de quem estava a frente do Brasil será corrigida", apontou.