Pela segunda vez, o médico Carlos Roberto Martins, o Cabeto, recusou um convite do governador Camilo Santana (PT) para integrar a equipe da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Cabeto disse ontem ao O POVO haver rejeitado a proposta de ocupar o cargo de secretário-adjunto da pasta, cuja titularidade está indefinida há dois meses - em 8 de maio último, a saída de Carlile Lavor foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE). Hoje, a Sesa é comandada interinamente por Henrique Javi.
“A situação ficou resolvida. Vou colaborar (com o governo estadual), mas não como adjunto. Como cidadão parte da classe médica, vou ajudar”, diz Cabeto. O médico não detalhou por que não aceitou o convite do Palácio da Abolição.
Em dezembro de 2014, quando ainda estava montando o seu secretariado, Camilo chamou Cabeto para ser o titular da Sesa. Com a recusa, o médico Carlile Lavor assumiu a pasta.
Cinco meses depois, no entanto, o sanitarista deixaria a secretaria. Pressionado pela crise na saúde, que se agravou com a lotação nos corredores de hospitais, medida pelo “corredômetro” do Sindicato dos Médicos, Lavor pediu afastamento no dia 4 de maio. A exoneração só seria oficializada na semana seguinte.
Na convenção estadual do PSDB, há dez dias, o senador Tasso Jereissati usou a recusa de Cabeto, que é membro da executiva do partido, para criticar Camilo. “A situação da saúde está tão crítica que eles estão tendo dificuldades para achar um secretário. Ninguém quer assumir”, atacou o tucano.
Com a recusa de Cabeto, a situação na Sesa continua indefinida. De acordo com o governo do Estado, ainda não há previsão de anúncio de um novo titular para a pasta, chefiada provisoriamente por Javi desde a saída de Lavor.
Nomes como o do deputado federal Odorico Monteiro (PT), que participou da formulação do programa “Mais Médicos”, e o do parlamentar José Sarto (Pros) foram cotados, mas nenhum confirmado.
Com a crise na saúde do Ceará, o governador tem buscado apoio da União. Após sucessivas reuniões com o Ministério da Saúde, Camilo obteve verba de pouco mais de R$ 25 milhões.
O recurso seria uma compensação por investimentos realizados na expansão do setor nos últimos anos. Um grupo ainda negocia em Brasília a liberação de mais dinheiro para o Ceará.
Em outro capítulo da crise, o Instituto de Saúde e Gestão Hospitar (ISGH), responsável por 30% do orçamento da Saúde, está na mira da oposição, que questiona contratos feitos sem licitação. A entidade é responsável pela administração de UPAs e três dos oito hospitais do Estado.
Saiba mais
CPI do ISGH
O deputado Heitor Férrer (PDT) entrou com pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o ISGH. O documento conta com nove das 12 assinaturas necessárias para ser protocolado na Assembleia Legislativa.
Resposta
O governo argumenta que há dispensa de licitação legal em contrato com Organizações Sociais, sem fins lucrativos. O ISGH também possui convênios com a Prefeitura de Fortaleza.