O uso do regimento interno para travar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) não é novidade na Assembleia Legislativa do Ceará. Em 2010, a oposição conseguiu as assinaturas necessárias para protocolar a CPI do Castelão, mas a proposta acabou sendo barrada por outros pedidos que estariam na fila. Na época, houve suspeita de que a licitação da reforma do Estádio Plácido Aderaldo Castelo teria favorecido o consórcio da Marquise, empresa cujos donos eram ligados ao secretário, antes da Casa Civil e hoje do Turismo, Arialdo Pinho. A vencedora do processo, porém, foi a Galvão Engenharia.
O requerente da CPI do Castelão, Heitor Férrer (PDT), lembra que surgiram dois pedidos para impedir que o projeto dele fosse levado adiante: da Pirataria, de Roberto Cláudio, e das Drogas, de Edson Silva, ambos então no PSB. “Cadê os relatórios dessas CPIs de araque, feitas e solicitadas para impedir a CPI de verdade?”, questiona. Heitor atenta para o fato de os respectivos autores das CPIs mais recentes não terem se manifestado sobre elas na tribuna.
O autor da CPI do DPVAT, José Sarto (Pros), defende seu projeto: “Ouvi setores e a gente protocolou (a CPI) em março deste ano. Sabemos que funerárias e agentes buscam fraudar vítimas de acidentes”.
A deputada Raquel Marques (PT) disse que deu entrada ao pedido de protocolo da CPI do Narcotráfico na última segunda-feira, 18. “A problemática das drogas e as aeronaves que foram apreendidas leva ao indício que o Ceará faça parte de um comércio internacional”, diz.
A autora da CPI da Exploração Sexual, deputada estadual Bethrose (PRP) não foi localizada para comentar a proposta. O líder do governo, Evandro Leitão (PDT), nega que as CPIs tenham sido uma manobra política para travar investigações sobre o Acquario Ceará. “Ninguém está barrando CPI nenhuma. Se tiver algo que sucinta dúvidas, eu mudarei de opinião e assinarei eu também essa CPI do Acquario”, argumenta. (Isabel Filgueiras)