O Cine Assembleia é uma promoção do Núcleo de Saúde Mental e Comitê de Responsabilidade Social, por meio da Célula de Articulação e Fomento à Cidadania, com o apoio do Movimento das Mulheres do Legislativo Cearense (MMLC) e Associação dos Servidores da Assembleia (Assalce). O objetivo é promover o debate com servidores, moradores da comunidade do entorno da Casa (Pio XII, conhecida como Pau Pelado) e movimentos sociais convidados.
O diretor e roteirista do filme, Déo Cardoso, explica que a película fala sobre a consciência racial negra, do ponto de vista de um jovem de 16 anos, chamado Saulo, que está aprendendo, por meio de leituras, sobre o grupo Panteras Negras, dos Estados Unidos. "Ele lê principalmente sobre Angela Davis e os líderes negros do movimento. Justo nesse momento de ebulição intelectual e inspirado por uma professora, ele passa por uma situação de racismo, para além de outras situações ligadas à violência", pontua o diretor, cujo filme foi lançado em circuito comercial em outubro deste ano.
Déo Cardoso revela que a Saulo só cabem duas coisas: continuar a vida da forma como se encontra ou reagir. "No auge da intelectualidade, ele tem um tomada de posição e resolve reagir, mesmo sendo um menino tímido e ligado à poesia. O filme trata dessa intelectualidade e da formação de uma pessoa negra no Brasil e como uma pessoa negra, ao resolver se movimentar, toda a sociedade se movimenta com ela, seguindo o que Angela Davis fala", aponta.
IMPORTÂNCIA DA DISCUSSÃO
O diretor do DSAS e presidente da Assalce, Luis Edson Sales, ressalta que é necessário abordar a questão étnico-racial todos os dias, no nosso comportamento, bem como o que estamos fazendo para sensibilizar as pessoas quanto ao combate ao preconceito. "Esse é um assunto muito sério. Não teríamos que abordar esse tema se as nossas mentes se concentrassem apenas na consciência humana de que somos todos iguais. A desconstrução do preconceito não acontece do dia para a noite, mas requer práticas rotineiras de sensibilização e conscientização. Entretanto, para que isso aconteça, é fundamental que a própria sociedade, primeiramente, se desfaça dos seus preconceitos", pontua.
Luis Edson afirma que as questões relativas à data 20 de novembro devem ser lembradas todos os dias para fomentar o debate contra as diversas formas de preconceito e racismo existentes na sociedade. "Nós que fazemos o DSAS estamos realizando essa ação de extrema importância por entendermos que, por meio da educação, do debate e da democracia, contribuímos para a queda do preconceito", pontua.
SOBRE O PROJETO
Estão à frente da organização do evento as psicólogas Raquel Penaforte e Lygia Herayde Bessa, integrantes do Núcleo de Saúde Mental da AL. Conforme Lygia, o objetivo do Cine Assembleia é o de criar espaços de discussão de temas relevantes para jovens, servidores e para a comunidade de uma forma geral, assim como fortalecer as produções culturais locais e facilitar o acesso a elas.
Para Lygia, tratar de temas associados à negritude e ao racismo é urgente. "Para isso, é de extrema importância que produções sobre o tema sejam acessadas por todos, assim como há necessidade de espaços onde seja promovido o diálogo sobre o assunto”, assevera.
A orientadora da Célula de Articulação e Fomento à Cidadania, do Comitê de Responsabilidade Social da AL, Tamires Guimarães, destaca que o evento é de extrema importância. “Fomos convidados pelo Núcleo de Saúde Mental da Casa para colaborar com a execução desse projeto, o Cine Assembleia. Achamos muito importante chamar um público-alvo, da comunidade do entorno, pois já trabalhamos com ela, o que engloba jovens, adolescentes e líderes comunitários, para que possam participar dessas conversas e que venham enriquecer com falas, ideias e vivências sobre esse tema tão relevante e que precisa cada vez mais ser discutido”.
RODA DE CONVERSA
Após a exibição do filme, haverá uma roda de conversa sobre a produção audiovisual e as diversas temáticas que aborda, com Lucas Limeira e Nicoly Mota, que interpretam, respectivamente, Saulo e Clarisse no filme; Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas (CUFA); Franciane Santos, do Comitê de Prevenção e Combate à Violência da Alece; Péricles Moreira, advogado do Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular Frei Tito de Alencar do Poder Legislativo, e Lygia Herayde Gomes de Brito Bessa, psicóloga.
O filme “Cabeça de Nêgo” é uma produção cearense com direção e roteiro de Déo Cardoso. Estreou em outubro de 2021 em cinemas de todo o Brasil, conquistando público e crítica com enredo que aborda temáticas como racismo, educação, mobilização social e juventude, entre outras.
O longa, filmado em Fortaleza, foi exibido em diversos festivais e ganhou prêmios como o de Melhor Longa-Metragem do Festival Cine Ceará 2020 e da Associação de Crítica Cearense de Cinema.
Da Redação/com Comunicação Interna