O palanque de RC antes do candidato
O prefeito Roberto Cláudio (PDT) tem raciocínio simples: se a administração não tiver boa avaliação, o grupo perderá a eleição de 2020, independentemente de quem seja o candidato. Não adianta nome bom apoiado por governo ruim. Por isso, sua prioridade é garantir que a administração municipal chegue a 2020 não apenas com bom patamar de aprovação. Roberto Cláudio quer uma administração com popularidade, não diria para eleger um poste, mas para fazer alguém sair de patamar ínfimos para uma vitória eleitoral. Afinal, há algumas alternativas de candidato a prefeito. Quase todas seriam candidatos que largariam na casa de 1% ou 2%.
Afinal, alguns dos nomes são secretários da administração. Outros deputados estaduais - como José Sarto ou Salmito Filho. Nenhum dos pedetistas, convenhamos, largaria com votação estrondosa para prefeito. Para ter chance, precisará de uma administração forte para emplacar seu sucessor.
O prefeito anunciou ontem um pacote de 700 obras. O valor é estimado em R$ 1,5 bilhão. Anunciado como o maior pacote de investimentos da história da Capital.
Há aspectos simbólicos e práticos. Nesse último, a tradicional política do cimento para mostrar serviço e ganhar votos. E há o aspecto político. No cenário de um Capitão Wagner (Pros) que já se coloca como candidato e desponta como favorito, Roberto Cláudio mostra que está vivo e apresenta seu arsenal.
A escolha do candidato vem depois, mas não é menos importante. O comando político do Paço Municipal tem razão quando pensa que uma administração impopular sepultaria qualquer candidato. Nesse sentido, tem razão em apostar na aprovação.
Porém, isso não significa que uma gestão popular é capaz de emplacar qualquer candidato.
Jeito de candidato e tratado como candidato
O candidato de Roberto Cláudio não está escolhido. A definição começará no fim do ano e deve ser chancelada mesmo só no início do ano que vem. Mas, há nomes de preferência e há um primeiro sobre a mesa. Trata-se do secretário de Governo, Samuel Dias.
Ele foi o secretário da Infraestrutura do primeiro governo. É engenheiro, técnico. Bastante discreto. No segundo governo RC, substituiu Prisco Bezerra, irmão do prefeito, na Secretaria de Governo. Quando chegou à administração, não era íntimo de Roberto Cláudio. Ganhou a confiança, tornaram-se amigos. Passou a desfrutar da intimidade do prefeito.
Ontem, num evento com a constelação da política cearense, ele foi destaque. Coube a Samuel apresentar as obras. Pode ser coincidência, mas Roberto Cláudio faz com ele mais ou menos aquele que Lula fez com Dilma Rousseff (PT) quando a designou "mãe do PAC". Samuel é o "pai" do pacote de investimentos.
Os sinais do prefeito é de que gostaria que Samuel viabilizasse candidato. Dá as condições para isso. O mais dependerá do desempenho dele.
A composição da aliança
A presença de Tasso Jereissati (PSDB) foi emblemática. Não por indicar aliança no ano que vem - trato disso outro dia, mas há obstáculos a vencer. Sintomático que tenha sido convidado e tenha aceitado ir. É mostra da disposição de RC para seguir a velha fórmula do grupo: grande aliança, obras e ampla aprovação.
O lugar do PT
Se havia um tucano no palanque, também havia um petista. Era o governador Camilo Santana. Convenhamos, para efeito de aliança com o prefeito, ele não conta muito como petista.
O PT quer ter candidato em Fortaleza. A Capital tem lugar destacado na estratégia nacional, como a coluna tratou dia desses.
Talvez esteja mais fácil Roberto Cláudio se aliar a Tasso do que ao PT. A saber como fica Camilo.
ÉRICO FIRMO