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Militante pago vê na campanha renda extra - QR Code Friendly
Quarta, 29 Agosto 2012 04:12

Militante pago vê na campanha renda extra

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  Eles trabalham de quatro a dez horas diariamente e recebem salários que variam de R$ 500 a R$ 622 Enquanto a maioria das pessoas está em casa ou exercendo suas atividades em um emprego formal, Herbênia Rocha, de 25 anos, está desde às 8 horas da manhã na Praça do Ferreira, balançando a bandeira de um candidato a prefeito. A cada dois anos, a cena se repete e centenas de jovens, donas de casa, desempregados e até idosos vão às ruas fazer bandeiraços para os postulantes a um cargo eletivo, seja na Câmara, Prefeitura, Governo do Estado, Assembleia Legislativa ou Congresso Nacional. Muitos não exercem a atividade por ideologia política, simpatia partidária ou porque são militantes ou filiados de determinada agremiação, mas porque o trabalho temporário é uma forma de aumentar a renda de casa, visto que chegam a receber até um salário mínimo por mês durante as eleições. Assim como Herbênia, nos principais cruzamentos da Capital, é possível ver dezenas de pessoas balançando bandeiras com nomes, imagens e números de candidatos durante todo o dia. O desempregado Silvino Dantas, de 23 anos, é um desses personagens. Ele não faz parte da militância do PCdoB e muito menos é filiado ao partido, mas estava na Bezerra de Menezes, na tarde da última sexta-feira, fazendo campanha para Inácio Arruda (PCdoB). Inclusive, disse sempre ter votado em candidatos do Partido dos Trabalhadores, mas, desta vez, afirma que vai apostar em Inácio Arruda. Bicos Silvino Dantas diz ainda que não acompanha muito a política, somente durante as eleições. Segundo afirma, trabalhar nos bandeiraços "é um dinheiro a mais que entra" para ajudar em casa. Ele conta que passou em três concursos públicos recentemente, e, dentre esses, escolheu ficar com o Ronda do Quarteirão. Enquanto não é chamado, faz alguns bicos. Dessa forma, Silvino Dantas declara que a campanha eleitoral veio ajudar em um momento de necessidade. Segundo explica, a carga horária é de apenas seis horas diárias, o que o permite fazer outras coisas durante o dia. Ele inicia suas atividades às 14 horas e termina às 20 horas, sempre em um bairro diferente da cidade, isso por um salário mínimo, ou seja, R$ 622,00, durante dois meses. Isso porque Silvino entrou somente em agosto na campanha. Além de passe eletrônico para utilização de transporte coletivo, afirma receber protetor solar para enfrentar as tardes quentes em Fortaleza. Na Bezerra de Menezes, às 16h20, pouco mais de dez pessoas agitavam bandeiras nas proximidades de lojas que existem na via. Algumas se protegendo embaixo de árvores ou atrás de postes, enquanto outras não se intimidavam com o sol. Uma dessas pessoas é a pensionista Maria do Carmo de Freitas, de 60 anos, a "Carminha", que entrou recentemente na campanha, no último dia 18 de agosto, mas que garante sempre ter votado em Inácio Arruda, mesmo antes de se tornar militante. Pobres "Sempre trabalhei na campanha dele, pois eu acredito que ele sempre andou do lado dos pobres", diz Carminha, afirmando ainda que recebe um salário mínimo para trabalhar para o candidato, mas que o faria mesmo sem receber qualquer remuneração. Dentre todos que agitavam as bandeiras, ela era a mais animada. Para Carminha, apoiar o prefeiturável já virou "tradição" em sua vida. "Sou fã de carteirinha, adoro as eleições. Eu me divirto muito", comenta. Já no cruzamento das avenidas Domingos Olímpio e Aguanambi, uma dezena de jovens faz bandeiraço para o candidato Marcos Cals (PSDB). Esses são os mesmos que, mais cedo, pela manhã, estavam na praça do Ferreira fazendo críticas à atual gestão através de um megafone. Dentre eles, balançando uma bandeira nas mãos e tentando se proteger por trás de um poste, está Francisco Deoclécio da Silva, de 45 anos. Geralmente, ele faz bicos como segurança, mas, desde o último dia 8 de agosto, resolveu trabalhar por oito horas diárias na campanha de Marcos Cals em troca de R$ 500 mensais, para ajudar o sustento da família, segundo disse. Deoclécio vai às ruas já bem cedo, pois 8 horas tem que estar no batente em um dos bairros da cidade. São duas horas de descanso e depois um retorno durante a tarde, largando o trabalho temporário somente no início da noite. Segundo ele, o grupo que apoia o tucano é formado por vinte pessoas, mas, todos os dias, mais simpatizantes são contratados para trabalhar na campanha tucana. Alexandre Nepumuceno Sampaio tem uma rotina semelhante ao do colega e parece mais à vontade com o trabalho realizado diariamente. Jornada Herbênia Rocha, lá da praça do Ferreira, também está desempregada e trabalha na campanha de Heitor Férrer (PDT) desde o início do mês. Desconfiada, ela sempre pondera em cada uma de suas respostas, mas disse que já visitou vários bairros da cidade e tem jornada de dez horas de trabalho, sendo duas horas reservadas para o almoço. Herbênia sai de casa cedinho para retornar somente no início da noite. Além de um salário, que é pago em cheque, recebe ainda vale transporte e lanche. Como a maioria das pessoas entrevistadas pelo Diário do Nordeste, faz isso para melhorar a renda da família, visto que o dinheiro extra que entra nesses meses de campanha eleitoral pode ajudar muito nas despesas familiares da militante.
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