O desafio afrontoso que tenta se impor como Estado paralelo
As facções criminosas tentam se impor como Estados paralelos. Buscam controlar territórios tanto quanto possível. Preservar privilégios em presídios. Reagem furiosamente quando alguém sinaliza que irá confrontá-las.
Já foi assim quando a Assembleia Legislativa aprovou o bloqueio de sinais de celulares em presídios, medida nunca colocada em prática. Em 5 de abril de 2016, um mês após a aprovação da medida, treze quilos de dinamite foram recolhidos de um carro estacionado ao lado da Assembleia Legislativa.
Muitas ações são anunciadas e têm sido implantadas a cada uma dessas grandes ocorrências. Sob influência de episódios de violência no Ceará, foi criado um Ministério da Segurança Pública - que agora se tornou Secretaria Nacional vinculada ao ministro Sergio Moro e sob gestão direta do general Guilherme Theophilo, que concorreu a governador do Ceará contra Camilo. Iniciativa também do governo Michel Temer (MDB), foi instalado em Fortaleza, no mês passado, o Centro Integrado de Inteligência do Nordeste. Que, aliás, tem agora ótima oportunidade de dizer a que veio.
Recém-empossado no cargo, o novo secretário da Administração Penitenciária sinaliza linha dura. Os ataques seriam reação à postura dele. O lado positivo é a indicação de que as medidas pretendidas mexem nos calos e incomodam. É óbvio que fustigar, impor restrições à ação de líderes criminosos provocará reações. O poder público precisa se resguardar para garantir que a população sofra menor impacto possível.