Enquanto alguns deputados cearenses que não obtiveram êxito nas urnas neste ano ainda amargam a derrota, sentenciada no último domingo (7), outros já traçam planos sobre o que farão após a conclusão do atual mandato. Na Assembleia Legislativa, onde novatos ocuparão 17 das 46 cadeiras a partir de 2019, parlamentares da base governista que perderam a disputa estão na expectativa de serem chamados para ocupar cargos na segunda gestão do Governo Camilo Santana (PT).
A deputada estadual Rachel Marques (PT) foi uma das que perderam a disputa por cadeira na Câmara dos Deputados. Ela, que só foi efetivada na Assembleia após a saída de deputados eleitos prefeitos, em 2016, atribuiu a derrota ao cenário político. "Em relação ao crescimento de pessoas ligadas ao (Jair) Bolsonaro, que nunca tiveram uma atuação política. Isso é um fenômeno que ocorreu nessas eleições, inclusive, (afetou a eleição) de deputado federal".
Reeleito, Sérgio Aguiar (PDT) conversava, ontem, com Ely Aguiar, que não volta ao Legislativo em 2019. De camiseta, Ely nem ficou para a sessão
Sobre o futuro, Rachel não descarta ser chamada para assumir eventuais funções no governo estadual. "Não tivemos nenhuma conversa com o governador, nem com a Executiva do PT, mas é algo possível. Venho com a experiência de ter sido gestora na Companhia Docas do Ceará", menciona. A petista, porém, ainda trabalha com a possibilidade de ocupar uma cadeira no Legislativo Federal. "O partido poderá discutir se algum parlamentar poderia ir para secretaria e eu assumo (cadeira) na Câmara Federal. Isso ocorria muito na Assembleia".
Ocupando até o fim deste ano o quarto mandato na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Lucílvio Girão (PP), por sua vez, afirmou que não conseguiu se reeleger devido ao acirramento da disputa na região de Maranguape, sua terra natal.
"Foram oito (candidatos) pesados, fora os que vêm de fora. Eu caí por dois mil votos. Só que sou o primeiro suplente da coligação grande, vamos estar no rodízio e vou entrar direto (na Assembleia)", disse o parlamentar, confiante sobre ser efetivado na próxima legislatura. Isso porque ele aposta que deputados eleitos na sua coligação deverão ser escalados para o governo. "Toda vida chamam. Se (eu) não entrar, a gente vai continuar a profissão de médico, que eu nunca abandonei".
Internet
O deputado Ely Aguiar (DC) concorreu ao quarto mandato, mas considerou que um dos motivos de não ter sido bem-sucedido nas urnas foi a falta de investimento em redes sociais durante a campanha. "É possível ser eleito se souber usar a rede social. O maior exemplo disso é o Bolsonaro, que não participou de nenhum debate".
Ele também reclama, contudo, do "rolo compressor" de candidatos apadrinhados pela máquina pública, "com uma estrutura jamais vista". Segundo Aguiar, tais candidatos teriam "engolido" os votos dele em colégios eleitorais. "Tanto é que eu tive só dois mil votos na minha cidade. Antes, tive sete mil", comparou.
Agora, sem a chance de voltar para novo mandato no Legislativo, Ely, que é jornalista por formação e apresentador de programas de TV, disse que ficará "à disposição do mercado da comunicação". Ele, que também é servidor público, disse que aproveitará para solicitar a aposentadoria parlamentar. Pelas regras da Assembleia Legislativa, todo deputado efetivado que tiver, no mínimo, 20 anos de contribuição e 15 anos de contribuição de outro sistema público pode ter direito à aposentadoria, que corresponde a 80% das contribuições pagas pelos parlamentares.
Também de fora
Além de Ely Aguiar, outros quatro deputados estaduais ficam de fora da Assembleia a partir do ano que vem. Ontem, no retorno das atividades da Casa, após o recesso parlamentar aprovado para as duas últimas semanas de campanha, a deputada Bethrose (PP) não compareceu à sessão plenária. Nas palavras de um aliado, ela, na verdade, "nunca esteve na relação" dos eventuais reeleitos, por conta da votação "baixa" obtida em 2014, com 31.666 votos.
O deputado Carlos Matos (PSDB) também não foi para a Assembleia, ontem, e nem deve ir ao longo desta semana. Interlocutores dizem que o tucano estava "certo" de que conquistaria a reeleição, quando foi surpreendido com o resultado. Mário Hélio (Patriota) foi outro que não marcou presença nas atividades. Ele era suplente em 2014 e só conquistou a vaga de titular com a saída dos parlamentares eleitos prefeitos, em 2016.