Sem atividades na AL, parlamentares têm visitado municípios do Interior. Eles se dividem sobre reações do eleitor à aproximação entre PT e MDB
( Foto: José Leomar )
A aproximação, por enquanto "institucional", entre o senador Eunício Oliveira (MDB) e o governador Camilo Santana (PT) tem provocado questionamentos e, ao mesmo tempo, reações positivas nos eleitores cearenses, segundo deputados estaduais do MDB. Aproveitando o recesso das atividades na Assembleia Legislativa para visitar as bases eleitorais no Interior, a maioria dos emedebistas ouvidos pelo Diário do Nordeste relata que, como a aliança política ainda não foi formalizada, a população "enxerga", por enquanto, os benefícios em obras e recursos públicos trazidos para o Estado com a união das duas lideranças. No entanto, há no partido quem discorde que está "tudo bem" e reclame da falta de diálogo entre a cúpula estadual e seus filiados sobre tal mudança nos rumos da legenda.
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Ao serem questionados se deverá ser mais fácil disputar a reeleição neste ano, sendo da base aliada do governador Camilo Santana, do que quando estavam na oposição, no pleito de 2014, os deputados Leonardo Araújo e Audic Mota responderam que a formação de um "blocão" com as legendas aliadas da gestão estadual, como defendem governistas, favorecerá a todos na disputa.
Líder do MDB na Assembleia, Silvana Oliveira, por sua vez, diz que a definição em torno da aliança entre Eunício Oliveira e Camilo Santana terá peso na campanha pela reeleição ao Legislativo. A deputada reclama que o "povo no Interior não está entendendo" a aproximação entre os dois ex-adversários e que ela, como membro do partido no Estado, não tem sido prestigiada na construção de um acordo.
"O dia a dia mostra que existe insatisfação (da população), o momento político é instável. No Interior, o povo não está entendendo. Na Igreja, dentro do ônibus, o povo não está entendendo se isso (aliança) vai funcionar. Essa construção está sendo feita de telhado para baixo", dispara. "A minha indignação é deles conseguirem me ver como igual aos outros", acrescenta.
Já na avaliação do deputado Audic Mota, como a aliança política ainda não foi definida, "o eleitor não está entendendo bem as consequências no campo eleitoral". Segundo ele, a aproximação entre o líder emedebista e o governador é vista como meio garantidor de "benefícios para o Estado". Diferente da colega de partido, Audic justifica que não houve conversa das lideranças do MDB com os membros porque boa parte da bancada na Assembleia já havia aderido à base aliada de Camilo.
Ele, inclusive, se tornou aliado da gestão estadual após a eleição da Mesa Diretora, no fim de 2016, quando apoiou a candidatura do deputado Zezinho Albuquerque (PDT) à presidência da Assembleia. Audic Mota defende que o diálogo no partido deve ocorrer "naturalmente", quando a aproximação entre Eunício e Camilo for consolidada para as eleições de outubro.
É o que também reitera Danniel Oliveira. "O partido inteiro será ouvido, os prefeitos, os deputados federais, estaduais. Isso, na verdade, é uma construção. O senador (Eunício), de fato, já começa a conversar com alguns e até a ouvir, às vezes, mesmo sem perguntar, de muitos do partido, a opinião (deles). Em qualquer tipo de eleição, o partido será consultado".
Defesa
Para Danniel, a reação dos eleitores à aproximação entre Eunício e Camilo tem sido "muito boa", porque, conforme argumenta, "a população não quer briga, quer recurso entregue". "Essa união trouxe algo em torno de R$ 5 bilhões para investimentos no Estado", cita.
Leonardo Araújo também nega ter ouvido críticas à movimentação política entre os dois ex-rivais. "O que eu escuto, pela grande maioria, é que ambos estão agindo corretamente ao deixar de lado quizilas e interesses pessoais pelo interesse maior a que se propuseram a defender: os interesses do povo cearense".