É o caso da Toque de Vida – Associação das Mulheres Mastectomizadas do Ceará ‒, criada por um grupo de mulheres diagnosticadas com câncer de mama e pacientes do Instituto do Câncer do Ceará (ICC). O grupo se sensibilizou com a demanda de pessoas carentes que procuravam o hospital para o tratamento oncológico.

Fundada há 24 anos, a organização sem fins lucrativos conta com vários projetos que vão desde a distribuição gratuita e mensal de marmitas para pacientes que esperam atendimento em hospitais até desfiles de moda, trabalhando a autoestima das mulheres mastectomizadas.

“Quando ela chega, chega numa tristeza maior do mundo, porque não tem cabelo, não tem mama. Geralmente tem um espelho bem grande, ela se olha e não quer se olhar. A gente pede que ela se olhe, para ela ver como está e como ela vai sair. Ela sai de lenço, sai de peruca, sai com peito – o semblante muda, é de alegria”, diz a presidente da Toque de Vida, Meire Dias. A entidade oferece ainda a doação de cinco próteses mamárias por mês e o serviço de empréstimo de perucas.

De acordo com Meire Dias, o diagnóstico afeta principalmente as mulheres mais carentes, que precisam abandonar o emprego para iniciar o tratamento da doença. “Tem delas que paga aluguel e têm filho, aí fica sem trabalhar. Muitas vezes, o esposo sai do trabalho e vai cuidar dela. Quando não é um bom esposo, ele a deixa verdadeiramente, porque ele não quer a mulher com câncer. Tem delas que morre de depressão do que mesmo do câncer”, revela. Nesses casos, as voluntárias da Toque de Vida visitam as mulheres em casa, oferecendo cestas básicas e apoio emocional, e compartilham as próprias experiências entre si.

AMIGAS DO PEITO

Diagnosticada com câncer de mama em 2011, Eurice Alves de Oliveira recebeu um convite de seu médico e amigo, Dr. Luiz Porto, para criar uma associação no município de Baturité com o objetivo de conscientizar e salvar outras mulheres da doença.

Fundada em 28 de setembro de 2011, a Associação Amigas do Peito de Baturité atende, além da cidade, sete municípios da região: Pacoti, Aratuba, Mulungu, Capistrano, Itapiúna, Aracoiaba e Guaramiranga. A instituição tem como objetivo prestar atendimento gratuito socioassistencial em todos os níveis de atenção à saúde, desde a prevenção até a reabilitação e cura das mulheres acometidas pelo câncer de mama, bem como seus familiares.

“A paciente chega, a gente já faz o cadastramento, o encaminhamento de referência e manda para a policlínica para fazer a mamografia. Depois de a mamografia feita, a gente se encarrega de entregar os exames para a paciente, e aqueles que dão alterados eu já nem libero. Se der alguma alteração, eu localizo a paciente e encaminho para o mastologista que faz a biópsia e, conforme o resultado, já começa o tratamento em Fortaleza”, relata Eurice Oliveira. Segundo ela, o tratamento pode ser realizado no ICC, no Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio) ou na Santa Casa de Misericórdia.

O trabalho de prevenção e acompanhamento desenvolvido pela associação tem apresentado resultados expressivos, tornando Baturité uma cidade modelo no combate ao câncer de mama. Em 2011, quando a instituição foi fundada, foram realizados 1.542 exames de mamografia na policlínica de Baturité. Em 2015, passou para 4.136 e, em 2016, com uma pequena redução para 3.953. Segundo Eurice Oliveira, a meta é fechar o ano de 2017 com cerca de cinco mil mamografias realizadas.

Atualmente, existem 610 mulheres cadastradas na associação, que conta com nove voluntários. “O câncer, se você descobrir cedo, tem cura. Então, o que eu peço é que os municípios ‒ gestores, governos, primeiras-damas ‒ realmente se empenhem na prevenção do câncer de mama”, apela.

Apesar dos bons resultados em Baturité e cidades vizinhas, Eurice ressalta que a instituição, que tem suas atividades patrocinadas por recursos arrecadados em bazares, passa por muitas dificuldades – principalmente de ordem financeira.

ICC

Para encarar de frente o diagnóstico e dar seguimento ao tratamento, as mulheres e suas famílias precisam do valioso apoio emocional. No Instituto do Câncer do Ceará (ICC), em Fortaleza, grupos de apoio como o Bem Viver, e projetos com musicoterapia e oficinas de arte fazem parte do cotidiano dos pacientes em tratamento.

No entanto, as dificuldades estruturais também batem à porta. Para quem sai de cidades do Interior para Fortaleza, questões como hospedagem, alimentação e companhia podem se tornar obstáculos ou, como é possível vislumbrar em tantas histórias, encontros de solidariedade. No ICC, por exemplo, o trabalho da Casa Vida é de acolhimento e trabalho para garantir o bem-estar social e físico de pacientes em tratamento de diversos tipos de câncer.

Débora Boni, superintendente de responsabilidade social da instituição, explica que a Casa Vida é um apoio com o diferencial de contar com os serviços dos multiprofissionais do hospital, assim como a atuação de voluntários em oficinas, rodas de conversa e acolhimento emocional.

A casa tem capacidade de atender 120 pacientes e seus acompanhantes. Segundo Débora, os casos de câncer de mama têm aumentado e, algo que chama a atenção, em mulheres jovens. Com estadia, alimentação e atividades lúdicas enquanto durar o tratamento, o local é acolhida, atenção e esperança para muitas pacientes.

NO PARLAMENTO

O enfrentamento e a prevenção ao câncer de mama contam com o apoio de parlamentares da Assembleia Legislativa. A Casa aprovou, no começo de outubro, o projeto de indicação nº 77/17, da deputada Aderlânia Noronha (SD).

A proposta  estabelece que a rede de prevenção ao câncer contará, em caráter complementar, com o apoio, a ser oferecido pelo Estado, de unidades móveis de prevenção da doença, com equipe multidisciplinar, que atuarão de forma coordenada em todo o Estado para garantir o acesso aos programas de prevenção  ao câncer de mama e do colo uterino.

Já o projeto de indicação nº 92/16, da deputada Bethrose (PMB), em tramitação na AL, autoriza o Executivo a oferecer terapia em grupo às mulheres portadoras de câncer de mama nas unidades de saúde do Estado. Para isso, o Governo poderá firmar convênios com entidades sem fins lucrativos que tenham como objeto social a assistência a pessoas com câncer.

ESPECIAL

A Agência de Notícias da Assembleia Legislativa publica, ao longo do mês, uma série de reportagens sobre o câncer de mama e ações da campanha Outubro Rosa. Na  primeira matéria, foram apresentados eventos e mobilizações que vão ocorrer na Assembleia Legislativa e em Fortaleza, conscientizando sobre a importância de ações preventivas no combate à doença.

A segunda reportagem tratou dos números de casos de câncer de mama, além dos desafios para a prevenção e a necessidade da detecção precoce para a eficácia do tratamento.

Serviço

Toque de Vida – Associação das Mulheres Mastectomizadas do Ceará

Endereço: Rua Chastinet Guimarães, 420. Bairro Vila Ellery. Fortaleza/CE.

Contato: (85) 3223 8038

Associação Amigas do Peito de Baturité

Endereço: Avenida Sete de Setembro, S/N. Bairro Centro. Baturité/CE.

Contato: (85) 99636 2316

Instituto do Câncer do Ceará - ICC - Casa Vida

Rua Papi Júnior 1222

Contato (85) 3288 4400

BD/SA/CG/GS