Uma área de 10 mil m² no bairro Rodolfo Teófilo, visualmente discreta, guarda um espaço de descobertas científicas que em nada deve a grandes centros internacionais da área. Inaugurado em fevereiro de 2015, o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (NPDM/UFC) é reconhecido nacionalmente como centro de excelência em pesquisas do campo. Dois anos depois da abertura, o complexo agora é visado como possível parceiro da rede assistencial de saúde do Estado.
O Núcleo é a primeira estrutura do País a desenvolver todas as etapas da cadeia de concepção de medicamentos, da síntese da molécula aos testes com animais e seres humanos. A estrutura tem potencial para promover e executar estudos científicos e capacitar profissionais em consonância com diretrizes definidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo o coordenador do NPDM, Odorico Moraes, o centro conta com cerca de 300 pesquisadores, dentre 42 titulares e 119 estudantes de pós-graduação. Como principais resultados já alcançados, ele destaca a implementação da pele da tilápia como curativo para queimaduras. "Ela diminui em cerca de 60% os custos do tratamento do queimado e melhora a resposta do paciente à dor", explica.
Outro êxito veio com a publicação de um estudo sobre a fosfoetanolamina, composto conhecido como "pílula do câncer". Apenas dois centros de pesquisa do País foram credenciados pelo Ministério da Saúde para investigar a substância. Agora, avalia-se a possibilidade de estudos com voluntários sadios.
Além disso, o Núcleo contribuiu com o laboratório Sanofi Pasteur na criação da primeira vacina contra a dengue no País. O próximo passo é analisar a eficácia tanto na prevenção quanto na quebra da transmissão. "O mosquito que picar uma pessoa vacinada não vai mais transmitir", detalha Odorico. Hoje, duas pesquisas focam no campo da neurofarmacologia: uma delas foca na relação entre a depressão e o desenvolvimento de câncer, e, outra, na criação de um fitoterápico brasileiro para tratamento da depressão moderada.
Colaboração
Em visita ao NPDM, o deputado Carlos Felipe, presidente da Comissão de Seguridade Social e Saúde da Assembleia Legislativa, elogiou as instalações e sinalizou uma possível cooperação entre o centro e o Estado. "Aqui, há 18 poltronas de quimioterapia e 64 leitos, mas temos hospitais realizando quimioterapia com outras estruturas, que poderiam ser usadas para outros fins", diz.
Outra forma de apoio seria o acolhimento de pacientes que precisam de medicamentos de alto custo e, normalmente, entram com processo judicial contra o Estado para recebê-los. "Se o Governo comprasse aqui, seria mais barato que no laboratório", salienta Felipe. Uma nova visita ao local, desta vez com acompanhamento de quatro deputados federais, está marcada para a manhã desta terça (26).