Fernando Hugo fez críticas ao ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE que, segundo ele, se "intromete" e ordena conflitos no atual cenário
( Foto: José Leomar )
"Talvez, na história da humanidade, não tenha existido nenhum país que passe por um momento tão vergonhoso e caótico na parte moral, social, política e de vida pública como o Brasil". A frase partiu do deputado estadual Fernando Hugo (PP) na manhã de ontem em discurso na Assembleia Legislativa, quando criticou a postura do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, diante de viagens do ex-presidente Lula (PT) e do atual prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), pelo País, "em campanha antecipada". "O Brasil, hoje, é uma amostra internacional de safadeza e sem-vergonhice", apontou ele, acrescentando que isso não se restringiria ao cenário político eletivo, mas "à vida pública como um todo".
Hugo disse não ser conveniente ao País que um ministro do Supremo Tribunal Federal diariamente passe a se "intrometer" e ordenar conflitos variados, externando pontos de vista pessoais. "Um ministro que visita abertamente, em caladas da noite ou no frescor matutino, o presidente Michel Temer, sem agenda fixa, é o que se pode chamar de esculhambaria", criticou.
No pronunciamento, Hugo teceu críticas à inércia do ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, enquanto, segundo ele, Lula e Doria fazem "campanha antecipada". "Para completar a anarquia reinante, estamos no dia 23 de agosto e a legislação eleitoral vigente ainda hoje proíbe campanhas eleitorais antecipadas, mas semana passada Doria esteve aqui recepcionado por uma multidão de empresários e, claramente, dirigiu seu discurso criticando, visando candidatura a uma presidência da República", analisou. "Até quem é surdo-mudo e doente mental percebe que são incursões feitas Brasil adentro e Ceará afora, pelo prefeito Doria, com a titulação de 'sou candidato ou que sou presidenciável à campanha do ano que há vir'", acrescentou.
Depois, apontou ainda que Lula, "sentenciado e condenado primariamente", também está em caravana pelo Nordeste. "Não sei com que e bancado por quem, está em campanha Nordeste adentro e Ceará afora. Campanha aberta, titulada na falácia e na mentira que tipificam suas ações", afirmou. "Cadê o Tribunal Superior Eleitoral, as Procuradorias Eleitorais desses Estados que estão sendo visitados inoportunamente e extemporaneamente por candidatos em campanhas eleitorais?".
As colocações do parlamentar, porém, não ficaram sem resposta. Os petistas Manoel Santana e Rachel Marques também usaram a tribuna para fazer a defesa de Lula. Santana argumentou que a caravana não tem objetivo eleitoral, mas serviria para o ex-presidente conhecer a realidade de cada município e receber homenagens.
Custeio
"Somos nós, militantes, é o partido que está bancando essas viagens. Ele não viaja com dinheiro público como outras pessoas que estão aí, fazendo campanha com dinheiro público, às custas do contribuinte de São Paulo", afirmou, acrescentando que o PT proibiu que as eleições de 2018 sejam tratadas na caravana. Doria tem dito que as viagens pelo Brasil são custeadas com recursos próprios.
Rachel Marques disse que a caravana de Lula tem sido momento de muito "entusiasmo" dos brasileiros, especialmente no Nordeste. "Desse povo mais sofrido que vive no campo, luta e que enfrenta todas as dificuldades de viver numa região semiárida", contou. Ela classificou a caravana como "atividade partidária" e tradicional e aproveitou para convidar os cearenses a acompanharem a agenda de Lula em sua passagem pelo Ceará. "No dia 29 ele chega em Quixadá e depois vai a Juazeiro. São esses os dois municípios que ele vai visitar", colocou.