O relatório elaborado pelo Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios da Assembleia Legislativa do Ceará foi apresentado ontem a um grupo de prefeitos, em solenidade realizada no Plenário 13 de Maio. O momento contou com a presença da vice-governadora Izolda Cela e do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, além de representantes do Ministério Público, legislativos municipais e estadual e entidades que lidam com os direitos das crianças e adolescentes.
O comitê foi instituído pela Assembleia Legislativa com o objetivo de investigar as razões pelo alarmante número de assassinatos de jovens no Ceará, buscando avaliar o problema com mais profundidade. O relatório apresentado busca oferecer diretrizes para prevenir o extermínio da juventude e apresenta doze recomendações, dez das quais estão relacionadas às competências das gestões municipais.
De acordo com o documento, entre os anos de 2011 e 2015, o número de meninas e meninos de 10 a 19 anos mortos no Estado foi de 4.470, montante que supera a população de municípios como Guaramiranga.
O relator do Comitê, deputado Renato Roseno (PSOL), alertou aos prefeitos para algumas das evidências apontadas no relatório. "Queremos reafirmar a ideia de que o adolescente não fez por onde (morrer). A morte começa no abandono e é preciso superar isso". Entre as orientações dadas aos gestores municipais ele destaca o cuidado com quem é cuidador. "O ciclo de violência que começa em casa, inclusive atingindo as mães, acaba se reproduzindo. Então é necessário cuidar da cuidadora".
Relevância
A vice-governadora Izolda Cela considerou relevante o trabalho do Comitê. Ela ressaltou que a pesquisa foi feita com jovens e famílias daqueles que morreram. "Então, é possível observar a trajetória desses meninos e verificar que tipo de padrão se repete, quais são os abandonos, os elementos mais fortes, no sentido de entendermos como perdemos esses meninos e isso gerou uma série de recomendações, a partir das evidências, que se resumem em material muito rico de trabalho para a administração pública, governo e municípios, bem como para as instituições".
O prefeito Roberto Cláudio classificou o trabalho como um marco para o futuro das políticas de Juventude. "Estamos também antenados e sensibilizados com o drama real que é muito mais do que um indicador. São vidas perdidas diariamente na periferia da cidade e essas vidas têm território e são demograficamente comuns", lamentou. "Via de regra, são jovens da periferia, negros e pardos, que saíram da escola e precisam de um tipo de atenção que é do Estado, mas compartilho que deve ser mais do que do poder público", disse.
O relatório foi entregue ao vice-presidente da Associação dos Prefeitos do Ceará, Nilson Diniz, prefeito da cidade de Cedro. Como entidade representante das gestões municipais, o prefeito assinou o compromisso de difundir aos 184 municípios cearenses as recomendações.